No Brasil, de acordo com o IBGE, 54,9% da população se declaram como sendo de pessoas negras ou pardas e no nordeste esse índice chega a 89,5%, sendo  nessa população que majoritariamente se concentram a violência, a pobreza e, principalmente, o preconceito no país.

Por Rebeca Souza

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, assim como o Dia Nacional de Tereza de Benguela, será celebrado no dia 25 de julho, no Espaço Abayomi em Natal, situado no bairro Tirol, às 19h, inseridos no evento “Quando as Mulheres Negras se Movimentam”.

A celebração tem o objetivo de valorizar as mulheres negras potiguares e homenagear a luta com arte e resistência, além de contribuir para o entendimento real desse dia. Para Rosy Nascimento, uma das participantes do evento, a data é bastante simbólica e importante para dar visibilidade às mulheres que encaram cotidianamente trincheiras particulares e que são esquecidas nas celebrações. Para ela “O evento pretende visibilizar mulheres artistas e lideranças nos mais diversos meios e inserções sociais, de modo a resgatar voz e estima dessas pessoas que ainda são as maiores vítimas da opressão social, violência simbólica e apagamento cultural”.

Faz parte da programação do evento, organizado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário – RN em parceria com a Produtora Mungunzá, o lançamento do livro “Desvio”, escrito pela cineasta Rosy Nascimento (pseudônimo Fulô) e uma exposição fotográfica da cineasta Elderlanne Tibiano, representando a força e beleza da mulher negra. Além disso, será realizada uma programação cultural com música, performance e poesia, protagonizada por artistas negras potiguares, como Duda Ribeiro e Lara Rebeca.

A estreia da exposição fotográfica Itinerante, também teve colaboração da fotógrafa Aline Gazzarolly e retrata ensaio de lideranças sociais da cidade do Natal/RN. “Fotografar mulheres pretas é registrar e exibir para o mundo que somos maravilhosas e que podemos ser vistas de forma sensível em diversas áreas de atuação. Desse modo quero transmitir a sensibilidade, a energia e o sentimento que tive junto a essas mulheres através das cores e da monocromacia” afirmou Elderlanne.

O livro “Desvio” já teve seu lançamento no Rio de Janeiro em 2018 e agora em Natal. A narrativa é desenvolvida a partir de contos produzidor pela autora entre os anos de 2015 e 2018. “Nele, por meio de histórias ficcionais, pretendo deixar nítido o lugar de fala a partir da vivência de mulher preta nordestina e de pessoa com sofrimento psíquico, buscando reinventar narrativas para esses sujeitos de direito estigmatizados socialmente” Explicou Rosy Nascimento.

A participação no evento é gratuita e aberta para toda a comunidade. A venda dos livros será revertida na produção do curta-metragem Mãe & Preta, realizado pela Mulungu Audiovisual – coletivo de cinema negro potiguar. Para mais informações: https://www.facebook.com/events/358803171391628/

SOBRE A PRODUÇÃO MÃE & PRETA

Mãe & Preta é a primeira produção do Mulungu Audiovisual – coletivo de cinema negro potiguar pioneiro no fomento dessa temática no RN. O curta-metragem é majoritariamente construído com profissionais negros e negras e busca, através de documentário subejtivo, resgatar a história de Neide – mulher, mãe e preta – que morreu prematuramente durante o carnaval dos anos 2000.

https://www.facebook.com/maeepretafilme/videos/308698976531185/?t=4

SOBRE O DIA DA MULHER NEGRA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA E DIA NACIONAL DE TEREZA DE BENGUELA

Tereza de Benguela
Tereza de Benguela

O dia 25 de julho se tornou um marco, a partir de 1992, quando aconteceu o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana. O encontro teve o objetivo de discutir o machismo, racismo e as formas de combatê-los. O grupo de mulheres permanece até hoje e a data foi reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) no mesmo ano.

A data comemorativa visa dar visibilidade às mulheres negras e chamar a atenção para as situações de desigualdade racial e de gênero, discriminação de classe, preconceito e, ao mesmo tempo, fortalecer o movimento negro e a resistência dos grupos negros.

No Brasil, em 2014, a presidenta Dilma Rousseff transformou a data em comemoração nacional. Nesse dia também se celebra a memória de Tereza de Benguela – líder quilombola do século 18, estrategista militar e dirigente política – que liderou uma comunidade contra a escravidão durante 20 anos e foi morta em uma emboscada.