Por Belita Lira
A Semana de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte chega à sua 34ª edição, consolidando-se como um dos eventos acadêmicos mais longevos do país. Tradicionalmente marcada por mesas de conferência noturnas e apresentações de trabalhos de estudantes de graduação e pós-graduação da UFRN e de outras instituições, a Semana sempre se organiza em torno de um eixo temático. Já foram discutidos temas como corpo, educação, vida e arte; neste ano de 2025, o tema central é “Verdade e Informação”.
A programação inclui, além das conferências e comunicações, minicursos, oficinas, debates e rodas de conversa — entre elas, “A filosofia feita por mulheres” e “As dificuldades da produção de textos filosóficos” — que visam promover a troca de experiências e inspirar novas reflexões. Haverá também uma oficina prática sobre o uso de inteligência artificial na leitura, produção e interpretação de textos filosóficos.

As conferências da XXXIV Semana de Filosofia da UFRN formam um conjunto articulado que permite múltiplos diálogos sobre o tema “Verdade e Informação”, explorando-o sob perspectivas lógicas, éticas, estéticas e tecnológicas.
A abertura aconteceu nesta segunda-feira (10) e foi conduzida por Cinara Nahra, ela provocou o público ao relacionar a inteligência artificial — representada pelo ChatGPT — à tradição filosófica, questionando o próprio estatuto do saber e da autoridade intelectual em tempos de algoritmos e informação automatizada. Essa provocação inicial encontra continuidade na terça-feira (11), com as reflexões de Gisele Secco e Frank Sautter, que aprofundam a discussão epistemológica e histórica: Secco revisita a presença de mulheres na história da lógica, ressaltando a invisibilização de suas contribuições, enquanto Sautter debate a informação semântica, conectando a precisão lógica ao problema contemporâneo da desinformação e das fake news.

Na quarta-feira (12), Raquel Patriota e Arthur Faraco deslocam o foco para o campo da estética e da criação, discutindo a arte em tempos de inteligência artificial e os desafios éticos e conceituais que emergem quando a produção simbólica passa a ser mediada por máquinas. Já Federico Bocaccini, na quinta-feira (13), propõe um diálogo direto entre filosofia da mente e filosofia da linguagem, homenageando John Searle e investigando como a noção de verdade resiste — ou se transforma — diante da expansão da IA e das novas formas de circulação da informação.
Por fim, na sexta-feira (14), Fernanda Cardoso Santos encerra a semana com uma reflexão sobre a moralidade das redes sociais, abordando temas como cancelamento, adultização precoce e exposição excessiva, que revelam a tensão contemporânea entre o ideal de transparência e o medo do erro.

Juntas, essas conferências constroem um debate efetivo e transversal sobre a verdade no mundo digital, onde os limites entre conhecimento, opinião, imagem e performance são constantemente redefinidos. O evento, assim, propõe não apenas pensar a informação, mas reaprender a discernir o verdadeiro em meio ao ruído informacional que caracteriza nossa era.
Com uma programação ampla e diversificada, a XXXIV Semana de Filosofia da UFRN é um evento aberto à comunidade, reafirmando seu compromisso com o pensamento crítico, o diálogo interdisciplinar e a formação filosófica em diferentes níveis.







