Gil Araújo e Leandro Juvino – Fotec/UFRN

O curso de Audiovisual/Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte recebeu nota máxima do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), em 2022. A graduação alcançou nota máxima nas dimensões de corpo docente, organização didático pedagógica e infraestrutura. A produção de cinema que nasce na UFRN está concentrada nos discentes desse curso que, apesar dos cortes financeiros, continuam fomentando o cinema potiguar.

Registro das gravações de 'Venha Ver o Pôr do Sol' - Reprodução/Arquivo Pessoal
Gravações de ‘Venha Ver o Pôr do Sol’ – Reprodução/Arquivo Pessoal

A Rabicó Produções

A Rabicó Produções nasce nesse cenário. Inicialmente proposta na disciplina TV I, lecionada por Angela Pavan, a atividade era a produção de um vídeo ensaio para o fim do semestre. Entretanto, a tarefa acabou reunindo um grupo de alunos que montaram uma produtora de cinema. “Nós éramos um grupo de amigos, nos juntamos logo na primeira semana de aula. Quando surgiu o trabalho da disciplina, decidimos nos juntar como produtora”, afirma Jair Libanio, produtor executivo da Rabicó. “Por não termos muita experiência com produção, a distribuição de papéis dentro do grupo foi dada pela preferência de cada um, e deu certo”, complementa Breno Esdras, diretor de som, sobre o processo de criação da produtora.

A equipe da nova produtora passou três meses na etapa de pré-produção de seu primeiro trabalho. Após a finalização, os jovens encontraram dificuldades durante as filmagens: “A gente procurou o departamento para empréstimo de câmera, tripé, etc. Além disso, nossa professora também cedeu material para a gravação do curta. Mas, de fato,  não tinha material suficiente para toda a turma disponível aqui na UF. Isso reflete o momento político e social do país e de como isso reflete na produção cultural”, relatam Saza, Jair e Breno, membros do coletivo. 

Equipe durante a pré-produção do curta-metragem – Reprodução/Arquivo Pessoal

O curta-metragem de estreia da Rabicó “Venha Ver o Pôr do Sol” é baseado no conto de Lygia Fagundes de mesmo nome e foi gravado no cemitério municipal de Natal. A obra, que foi exibida em três mostras de cinema, entrará em dezembro no Catálogo do Cine Poty, plataforma de preservação e difusão do audiovisual potiguar e dos seus profissionais. O curta representa um trabalho ousado e graficamente da equipe da produtora. “A produção independente é desafiadora para qualquer que se proponha a fazê-la. Passamos por muitas coisas nessa primeira produção, mas deu certo. Acho que o importante é olhar para atrás e ter orgulho do trabalho feito e pensar na contribuição feita para a cultura independente de qualidade.”, comenta Breno Esdras.

O professor do departamento de comunicação da UFRN, Dr. Marcelo Bolshaw opina sobre as produções audiovisuais que nascem na UFRN: “Acho muito legal a quantidade de coisa que é feita aqui no nosso departamento. Recentemente brinquei com alguns colegas que logo em breve vamos ter que criar uma plataforma de streaming para armazenar todas as criações dos alunos”, comenta Marcelo. 

Sobre a recente nota do Inep para o curso de audiovisual, o professor reitera que é nítida a qualidade de docentes e discentes no departamento e espera que esse não seja um desestimulante para que ambos continuem melhorando seus desempenhos. 

Futuro da Rabicó

Os alunos de audiovisual pretendem experimentar coisas novas e diferentes do primeiro filme. Os próximos dois curtas, já estão em processo de pré-produção e por enquanto não possuem previsão para estreia.

Membros da produtora na primeira exibição realizada no Decom – Reprodução/Arquivo Pessoal

A Rabicó junto com diversos coletivos e produções independentes do curso de audiovisual da UFRN, são um reflexo da potência cultural que é a universidade federal. Mesmo com as adversidades relacionadas a empréstimo e disponibilidade de material no departamento de comunicação, o ambiente acadêmico continua sendo grande fomentador da cultura do estado, sobretudo das produções audiovisuais. 

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