A filósofa alertou para os dados do Mapa da Violência, onde o Rio Grande do Norte aparece como o estado que mais mata jovens negros no país.
Por Vini Leão e Ana Luiza Vila Nova
Ontem, 6 de junho, ocorreu a palestra da filósofa e acadêmica brasileira, Djamila Ribeiro. Mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ela tornou-se popular no Brasil por seu constante ativismo na internet acerca do movimento feminista e, mais especificamente, em relação ao feminismo negro.
O evento aconteceu às 19h30, no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e contou com a presença de um grande público, que lotou todo o espaço para prestigiar a filósofa. A palestra também teve a participação da professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e ativista dos direitos das mulheres, Maria do Socorro Silva.
Djamila iniciou sua fala com dados estatísticos alarmantes: O Rio Grande do Norte é o estado brasileiro que mais mata jovens negros no país – 87 jovens negros morrem para cada 100 mil habitantes. Tal fato é uma consequência de um quadro histórico em uma sociedade de raízes escravocratas, segundo a estudiosa.
Durante toda a palestra, ela buscou atentar para a questão da segurança pública e o modo como o povo negro é violentado sistematicamente no Brasil, aproveitando o momento para, também, saudar as mães de encarcerados que, nesta semana, realizaram movimento exigindo outro modelo de segurança pública no Rio Grande do Norte. Neste ínterim, também aproveitou para dizer que o Governo do Estado, por ser progressista, precisa dar uma resposta a estas mães, ressaltando o abandono, a solidão institucionalizada e o adoecimento psíquico destas mulheres.
Djamila ainda citou dados fornecidos este ano pelo Ministério da Saúde, que demonstram como o Índice de suicídio entre jovens e adolescentes negros cresceu e, atualmente, é cerca de 45% maior do que entre pessoas brancas. Segundo ela, essa questão leva à reflexão do quanto é fundamental pensar na saúde psíquica do jovem negro, debate esquecido dentro dos estudos da psicologia moderna, “pois o racismo é um grande agente adoecedor da sociedade”, afirmou.
Ao final, ela discorreu acerca do “epistemicídio das produções acadêmicas negras” (apagamento de saberes oriundos de pessoas negras), e declarou que possibilitar uma melhor qualidade de vida à população negra pode melhorar um país inteiro, pois “não fazer nada é manter essas pessoas na política de morte”, destacou.