Por Giovanna Dubiniak
Na última terça-feira (23), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte sediou o 27º Seminário de Pesquisa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da UFRN, que este ano discute “Governança Global e Desafios Transnacionais na Democracia”, com uma palestra estratégica da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) “A Promoção Internacional do Turismo como Ferramenta para Sustentabilidade – Como a Embratur impulsiona o desenvolvimento sustentável do turismo no Brasil?”.
Originalmente, a palestra seria ministrada por João Ricardo Viegas, do Ministério do Turismo. Com a impossibilidade de sua participação, Rafaella Levay Lehmann, supervisora de Segmentos Turísticos da Embratur, foi convidada de última hora e o imprevisto acabou enriquecendo a programação. “Transformamos uma dificuldade em oportunidade: teremos Rafaella agora e o João Ricardo em outubro”, explicou o professor Michel Jairo Vieira da Silva, doutor em Turismo pela UFRN e coordenador da atividade.
Uma trajetória dedicada ao turismo responsável
Rafaella Lehmann atua no Ministério do Turismo desde 2008 e, atualmente, na Embratur, acumulando mais de 17 anos de experiência em elaboração e gerenciamento de projetos turísticos e desenvolvimento produtivo. Com formação em Turismo, especialização em Marketing, Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular, Rafaela coordenou políticas públicas como o Programa Nacional de Turismo Gastronômico, o Programa Turismo Seguro e Acessível, “Brasil, Essa é a Nossa Praia”, “Turismo Responsável” além de projetos voltados ao turismo rural e sustentável. A palestrante trouxe uma visão integrada entre política pública, inovação e compromissos internacionais e destacou o papel do turismo sustentável na inserção do Brasil no cenário internacional.
Turismo como forma de sustentabilidade
Rafaella ressalta o papel transversal do turismo na Agenda 2030 da ONU. “O turismo é uma atividade capaz de unir desenvolvimento econômico, inclusão social e conservação ambiental. É nisso que o Brasil precisa se firmar internacionalmente”, destacou.
Entre as estratégias da Embratur, ela apresentou iniciativas como:
- Inteligência de dados para embasar decisões de promoção internacional;
- Marketing digital e fortalecimento da presença em redes sociais;
- Parcerias globais com operadores turísticos;
- O programa “Fell Brasil”, voltado a divulgar a diversidade cultural e natural do país com foco em sustentabilidade.

Plano Brasis: estratégia para um turismo sustentável e diversificado
Um dos pontos centrais da apresentação foi o Plano Brasis, que guia a promoção internacional do país com foco em sustentabilidade.
Entre seus objetivos estão:
- Gerar empregos e riqueza em todas as regiões;
- Preservar a natureza e valorizar a diversidade cultural;
- Atrair turistas ambientalmente responsáveis e interessados em experiências únicas.
Rafaella destacou que, para atingir essas metas, a Embratur atua com maior assertividade nas ferramentas utilizadas, alinhando estratégias de nichos e segmentos, compreendendo a complexidade de cada mercado e reforçando a diversidade da oferta turística brasileira. “Não podemos vender apenas sol e praia; há turistas interessados em cultura, ecoturismo, gastronomia e experiências locais. É essa sinergia das quase 30 ferramentas de produção que utilizamos que permite apresentar o Brasil de forma estratégica e inovadora”, explicou.
Entre essas ferramentas estão sales missions, promoção em mídias digitais, marketing de influência, participação em feiras internacionais e parcerias com operadores turísticos, todos voltados à conversão real de visitantes, e não apenas à construção de imagem.
Dados e resultados concretos
Segundo Rafaella, em 2024, 6,77 milhões de turistas internacionais desembarcaram no Brasil, gerando US$7,3 bilhões para a economia. A previsão para 2025 é superar 7 milhões de visitantes, antecipando metas do Plano Nacional do Turismo.
Além disso, a agência elabora pela primeira vez o relatório de sustentabilidade, monitorando impactos socioambientais e econômicos, garantindo que o crescimento do turismo seja acompanhado de responsabilidade ambiental e social. “O Brasil que promovemos é o mesmo que queremos para nós e para as futuras gerações”, afirmou Rafaella.
Preparativos para a COP 30 e inovação em infraestrutura
A palestra também abordou desafios logísticos, como a COP 30, que ocorrerá em Belém, e a importância de criar alternativas de hospedagem, capacitar empreendimentos locais e assegurar a qualidade da experiência dos visitantes. Entre as soluções inovadoras citadas estão o uso de cruzeiros como acomodação temporária e o desenvolvimento de rotas sustentáveis, como a Rota do Cumbu, para receber turismo internacional de forma responsável. Rafaella enfatizou que o sucesso dessas ações depende de coordenação entre governo, trade turístico e sociedade civil, reforçando a necessidade de cooperação intersetorial.
Educação e academia
O evento também estimulou o engajamento dos estudantes. Rafaella apresentou conteúdos e materiais educativos, como vídeos e apresentações sobre turismo, reforçando a importância da academia na promoção de conhecimento e na construção de estratégias de turismo responsável. Com mais de 125 alunos presentes, a palestra finalizou com sorteio de cortesias e agradecimentos, reforçando o compromisso da Embratur e da UFRN com o desenvolvimento sustentável e estratégico do turismo brasileiro.