Por Fernanda Quevedo/Fotojornalismo
Desde suas inaugurações, em 1955 e 1978, os cemitérios Bom Pastor I e II, localizados na zona Oeste de Natal, têm enfrentado um problema recorrente: a presença de animais abandonados circulando entre os túmulos. A situação, que não conta com a atenção das autoridades responsáveis, tornou-se uma cena comum para os moradores das redondezas e para os frequentadores dos cemitérios.
Gatos, muitas vezes deixados pelos donos ou já nascidos no local, buscam refúgio nos vastos terrenos dos cemitérios. Esses animais, em busca de abrigo e comida, circulam livremente entre os túmulos, o que tem gerado preocupações tanto para quem visita o local quanto para quem mora próximo a ele.
Segundo relatos dos moradores da região, os animais não são vistos nem para ongs protetoras de animais e nem para o poder público do estado do RN. “Sempre que eu posso, venho alimentar os bichinhos, recolho alimento nos vizinhos, faço um cuscuz e venho deixar aqui. Minha amiga Maria do Socorro [moradora do bairro Bom Pastor] tenta vir todos os dias. Fazemos isso na tentativa de amenizar o sofrimento deles, já que ninguém mais se importa, né”, comenta Francisca Paulino, 54, também moradora do bairro Bom Pastor.
Apesar de a situação ser amplamente conhecida, pouco tem sido feito para controlar ou resolver o problema. A administração dos cemitérios e as autoridades locais ainda não anunciaram medidas concretas para o manejo desses animais, o que preocupa a população local, principalmente aqueles que nutrem um carinho especial pelos bichanos.
“Esses animais precisam de atenção e cuidados, eles não tem ninguém que cuide, passam fome e são constantemente vítimas de violência. Escolhi adotar Ragna e depois Floca [gatos de estimação] lá, para tentar dar uma vida digna a pelo menos dois daqueles animais”, afirma Vítor Nóbrega, 24, morador do bairro e adotante de dois gatos do cemitério do Bom Pastor I.
Enquanto uma solução definitiva não é encontrada, os animais continuam a perambular pelos cemitérios Bom Pastor I e II, em busca de abrigo e alimento, fazendo parte do cenário cotidiano de um local que deveria ser de paz e tranquilidade para aqueles que já não vivem mais entre nós.