O evento debate sobre o direito humano à comunicação e as ameaças da desinformação
Por Adriane Galvão – Agência Fotec
Na mesa de abertura estavam presentes representantes da ABCPública e da UFRN
Foto: Antony Taymey
Começou hoje, 16, o 2º Congresso Brasileiro de Comunicação Pública, Cidadania e Informação, organizado pela ABCPública e sediado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A abertura contou com uma apresentação cultural realizada pela Escola de Música da UFRN, mesa redonda e por fim, a Premiação Beth Brandão de Comunicação Pública e Neuza Meller de Radiodifusão Universitária.
Dando início aos debates sobre a comunicação pública e a defesa da democracia, a mesa redonda composta por Ana Claudia Mielke (Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social) e Ivonete Lopes (Universidade Federal de Viçosa) discursam sobre o “O Direito Humano à Comunicação, as ameaças da desinformação e a Comunicação Pública no Brasil”.
De acordo com a mestre em Ciências da Comunicação, Ana Claudia Mielke, a democracia não se constitui sem liberdade de expressão e sem o direito à informação qualificada. “Para você ter direito à saúde, à alimentação e à moradia, você precisa ter o seu direito à comunicação garantida e as ferramentas necessárias para isso”, explica a coordenadora executiva do Intervozes.
Durante o diálogo sobre o tema, foi ressaltado a necessidade do Estado criar políticas públicas para que a comunicação pública se torne mais acessível. Neste sentido, a docente Ivonete Lopes destaca a importância de se pensar a conciliação do digital com outros canais, visando pessoas carentes e periféricas que são as que mais têm dificuldades de estarem conectadas e as que mais precisam da comunicação pública.
O Congresso debate sobre a importância do o direito humano à comunicação
Foto: Antony Taymey
“A comunicação chega muito restrita ou limitada em algumas localidades, por exemplo, uma pesquisa desenvolvida em Minas Gerais demonstrou que de 31 comunidades quilombolas, 13 não têm acesso à internet. E a gente sabe que desde a pandemia, principalmente, com a plataformização das políticas públicas, o acesso à comunicação por meio da internet se tornou mais evidente como fundamental para conseguir outros direitos”, esclarece a palestrante.
Encerrando a noite, o Prêmio Beth Brandão de Comunicação Pública foi entregue para Ana Vitória Marques, da Assembleia Legislativa do Estado, pela reportagem “Mundo black fortal” (TV Unifor); Josafá Bonifácio Neto, da Rádio UFS – ‘Farinhada Sergipana”; Soraya Fidelis, pelo documentário “Memórias Afirmativas” (TV UFMG). A criação do prêmio é uma forma de homenagear os profissionais que trabalham para o uso da comunicação pública na construção da cidadania no Brasil.
Com uma equipe majoritariamente negra, a reportagem premiada ‘Mundo black fortal’ teve o intuito de despertar a consciência do público para discussões sobre decolonialidade e antirracismo. Representando o Ceará, Ana Vitória Marques, agradeceu ao prêmio e explicou que a ideia do projeto foi criar algo que fosse além da dor sofrida pelo povo negro, mostrando seu poder de transgressão.
“O núcleo de jornalismo da TV Unifor, emissora pública vinculada à Universidade de Fortaleza e mantida pela Fundação Edson Queiroz, tem a honra de receber o Prêmio Neuza Meller. “Mundo Black Fortal” é uma série de reportagens sobre a juventude preta de Fortaleza, capital do Ceará — estado natal de Chico da Matilde, o Dragão do Mar, líder jangadeiro do Movimento Abolicionista no estado que aboliu a escravidão quatro anos antes do resto do Brasil. A série contempla a proposta da TV Unifor, onde produções de estudantes de comunicação da Unifor integram processos de aprendizagem voltados à formação de uma comunicação pública que reivindica garantia de direitos humanos, manutenção da cidadania e enfrentamento à desigualdade de classe, gênero e étnico-racial”, declara Ana.
O 2º ComPública se estende durante os dias 17 e 18 de outubro, no Departamento de Comunicação Social e conta com mesas redondas, grupos temáticos (GTs), visita guiada à TV e Rádio Universitária da UFRN, oficinas virtuais e a participação de estudantes, pesquisadores e profissionais que atuam na área de comunicação pública.