Por: Joana Mercedes
A quinta edição do Palavrar, este ano, intitulado “A Peste”, traz um ciclo de leituras dramáticas, entres os dias 25 a 27 de maio, que serão apresentadas no Teatro Jesiel Figueiredo, localizado no Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O evento será gratuito, com retirada de senhas, a partir das 18h30min, na entrada do departamento. Oferecendo ao público leituras cênicas de peças teatrais que abordam problemáticas relacionadas as pandemias, propondo reflexões a respeito da atual pandemia, provocada pelo novo corona vírus.
Apesar da pandemia ainda não ter terminado, a sociedade brasileira, encontra-se em um momento mais brando, no que diz respeito ao isolamento social. Trazendo, novamente, a possibilidade da amostra acontecer.
A leitura dramática se apresenta como uma montagem de um texto teatral, sem existir a necessidade de ser apresentado com uma ação física completa.
O Palavrar, projeto de extensão da UFRN, idealizado e coordenado pelo professor André Carrico, é integrado pelos discentes do curso de Licenciatura em Teatro, que atuam na execução de sonoplastia e iluminação, além da produção-executiva e organização das redes sociais. O projeto ocorre desde do ano de 2017, existindo uma única edição remota, ocorrida no ano de 2019, motivada pelo isolamento social. Ademais, existe a participação do curso de Desing, com a coordenação da professora Elizabeth Romani, neste processo, a cada edição, os discentes que pesquisam processos gráficos, desenvolvem a identidade visual do evento.
As leituras serão realizadas por grupos teatrais da cidade do Natal/RN, atores, artistas em formação, discentes e docentes do curso de Artes da UFRN. Os textos teatrais refletem acerca da complexidade do ser humano frente ao adoecimento, sentimentos que permeiam a impotência, bem como o descontrole e a perda que é representa, também, na figura do luto. Ainda, pretende abordar e debater o tema em toda sua amplitude, formulado com questões relacionadas ao negacionismo, as fakes news e o analfabetismo político, refletido como a “peste da ignorância”. Aspira-se a provocação em torno a reflexões referentes a forma mais abrangente da temática, a partir das peças trabalhadas no evento.
Serão lidos autores como o poeta e dramaturgo Alfred Jarry, que abordou em sua obra “Ubu Rei”, questões que são discutidas até os tempos atuais na dramaturgia, como a desconstrução do real e a reconstrução do absurdo. Outros autores, imprescindíveis ao momento, são os dramaturgos Matei Visniec e Luís Alberto de Abreu.
Como em todas as edições anteriores, o evento, receberá grupos de teatro externos. Neste ano, participarão os grupos Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa, além de atores pertencentes a outros coletivos teatrais, como Estação e Atores à Deriva. Participarão, também, os projetos de extensão e ensino TEIA e Todas as Letras. Os estudantes desses projetos receberão o público, na entrada do Teatro, onde ocorrerão as apresentações, realizando pequenas intervenções performáticas de leituras de trechos dos textos referentes a temática da “peste”.
O Palavrar, possui como proposta, aproximar os discentes e professores da classe teatral da cidade, sendo idealizado como um oferecimento didático, apresentando a linguagem da dramaturgia, tanto ao público habituado, quanto a quem nunca foi ao teatro, compreendendo o espaço como um local público de experiência estética que dialoga com discussões do contexto nacional, fomentando, a cada leitura, um debate, com a participação do diretor da montagem.
Espera-se um número satisfatório de pessoas a participarem desse diálogo necessário para o momento atual em que se encontra a sociedade brasileira.
Seguem informações sobre o evento, segundo a organização do V Palavrar:
PROGRAMAÇÃO
25/5 – Ubu, o que é bom tem que continuar! – baseado em Jarry.
Participação: Grupos Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa.
Direção e dramaturgia: Fernando Yamamoto.
Assistência de dramaturgia: Camilla Custódio.
Produção: Rafael Telles.
Direção Musical: Marco França.
Elenco: Caju Dantas, Deborah Custódio, Diogo Spinelli, Paula Queiroz
e Rodrigo Bico;
26/5 – O último Godot – Matei Visniec.
Participação: Grupo TEIA.
Direção: Adriano Moraes;
Figurinos e adereços: Marcelo Antônio da Silva
Elenco: Alexandre Augusto de Jesus Antas, Hanna Taisa da Silva Pereira
e Pedro Samuel Medeiros Guerra;
27/5 – O livro de Jó – de Luís Alberto de Abreu
Direção, cenografia e iluminação: Rogério Ferraz.
Elenco: André Carrico, Arthur Andrade, Cláudia Magalhães, Doc Câmara, Ícaro Costa, Igor Traço e Luciana Fonseca.
Apoio: Grupo Estação de Teatro;
Coordenação geral do ciclo: André Carrico
Identidade visual: Elizabeth Romani
Apoio: DDGN e Pró-Reitoria de Extensão/UFRN
Ubu, o que é bom tem que continuar!
SINOPSE:
Tendo como ponto de partida as personagens Pai e Mãe Ubu, do clássico Ubu Rei, a obra situa-se como uma possível continuação da peça de Jarry. A montagem desloca esses personagens para um país/lugar-nenhum com ares latino-americanos. Nesse novo ambiente, em meio à influencers e cachos de bananas, Pai Ubu e Mãe Ubu continuarão sua saga alucinada e insaciável pelo poder. Assim como na obra original, a sátira política – centrada nessas personagens, mas presente no trabalho como um todo – pretende dialogar diretamente com o público, trazendo à cena temas como a disputa pelo poder e a praga da manipulação de informação.
O último Godot
SINOPSE:
Diante de um teatro em crise, Samuel Beckett encontra Godot, a personagem que dá nome a sua obra mais conhecida. Nesse encontro, enquanto discutem a situação do teatro, os dois constroem uma cena em que a criação desafia o criador. Com humor severo, Visniec busca – em vão – dar realidade a uma das personagens mais vivas da dramaturgia ocidental.
O livro de Jó
SINOPSE:
Escrita originalmente para montagem do Teatro da Vertigem feita num hospital desativado, em 1995, a peça trata dos questionamentos do ser humano diante da fatalidade imprevisível: o que fazer quando, mesmo sem merecer, tudo perdemos? Como agir quando a realidade muda abruptamente? Como lidar diante da doença, da perda, da finitude, do luto? Qual a razão para o infortúnio?