Por Ana Flávia Amorim e Yasmin Alves
Na última sexta-feira (29), aconteceu o lançamento do livro Revolução Laura: Reflexões sobre maternidade e resistência e um bate-papo com Manuela D’Ávila, jornalista, escritora e candidata à vice-presidência da República em 2018. Em entrevista exclusiva à Agência Fotec, perguntamos à jornalista de que forma a maternidade contribuiu na sua caminhada política. “Só sobrevivi às eleições passadas por causa da Laura”, comenta. E completa: “foi certamente a mais difícil, tanto no processo eleitoral, quanto na realidade vivida pelo Brasil… Eu era obrigada a vibrar na frequência dela e não da eleição. Isso fez com que toda a minha militância ficasse melhor em relação a realidade em que eu estava vivendo”.
Manuela afirma que, antes de Laura nascer, a criança faria suas próprias leis e ela, como mãe, teria que se adaptar à essa nova rotina, mas não imaginava que iria além. Laura fez revolução, fazendo-a enxergar o mundo com olhares cheios de amor. “A maternidade transformou radicalmente a minha militância, compreensão de mundo e a importância que eu dou para a questão de gênero”, conta a jornalista.
Ana Ludmila, professora Dra. da UFRN, estava no evento com sua filha e nos contou que a motivação dela para ir ao evento era ouvir de uma mulher, que também é mãe, as diversas barreiras enfrentadas por ela em espaços públicos, podendo apoiá-la e se inspirar em tudo aquilo que foi dito. “Tenho que dar o suporte, afinal, ela está certa, que mesmo com filhos, as mulheres podem estar onde quiserem”, explica. Assim como Manuela, Ana se sente encorajada a sair do espaço privado e atingir os cenários públicos com suas lutas e resistências.
Além de Manuela, figuras políticas potiguares também puderam compartilhar deste momento com a escritora, como a senadora Zenaide Maia; a governadora Fátima Bezerra e a deputada federal Natália Bonavides, que estiveram ao lado de Manuela durante o bate-papo. A senadora elogiou o evento e, segundo ela, o evento de lançamento do livro a enche de orgulho e esperança, pois num país que só fala em violência, ver filas enormes para receber autógrafos do livro de uma mulher é sinal de que a Manuela está cumprindo um papel fundamental na sociedade.
Natália Bonavides, que esteve presente desde o início do evento ao lado de Manuela, falou um pouco sobre a inferioridade que ainda existe no cenário político atual. “A gente sabe que hoje existe uma grande desigualdade em relação a participação da mulher na política, por exemplo, no congresso somos apenas 15%, porém na sociedade somos mais da metade da população.” afirmou. Ela ainda falou que uma das razões do evento estar acontecendo justamente na UFRN são as valiosas reflexões que o livro traz para a academia.
Por fim, a governadora Fátima, que apareceu de surpresa no evento, fez o público e, até mesmo a convidada principal, se emocionarem. Ela sentou na mesa com Manuela e Natália, e juntas debateram sobre o livro e temas atuais como feminismo, maternidade, luta e direitos. Quando questionada pela Agência Fotec sobre o que achou do evento, afirmou: “a Manuela trouxe para nós uma narrativa importante para esses tempos de intolerância que estamos vivendo quando ela fala sobretudo sobre amor, afeto e a forma que lida com a Laura em meio a vida que ela leva de militância política e social intensa”.
Manuela, assim como Fátima, Zenaide e Natália são mulheres que inspiram em meio a tantas outras que vivenciam a mesma realidade e buscam em alguém um exemplo de força para enfrentar a sociedade machista em que vivemos. O evento propiciou um momento de sororidade a todas as mulheres que estavam ali presentes, fazendo-as acreditar que juntas somos mais fortes.