Por Adri Torquato
As oficinas ocorreram no Complexo de Esporte e Eventos (COESPE) e na Escola de Música da UFRN (EMUFRN). No primeiro dia houve a demonstração e treinamento dos tipos de configurações de baterias de capoeira (Angola e Regional) e vivências de nove tipos de toques de berimbau ( Angola, São Bento Pequeno de Angola, São Bento Grande de Angola, Cavalaria, Samba de Roda, Banguela, São Bento Grande de Regional, Santa Maria, Iúna). Para Marília do Vale, integrante do grupo, foi muito interessante e animador participar da abertura e ver as pessoas em seus diferentes níveis de aprendizado, tocando e produzindo juntas, nas diferentes medidas, com um som bonito, um axé bom. “Fico muito feliz com a partilha e o estilo colaborativo que esse grupo vem construindo a cada dia. Sou significantemente mais feliz com o CGB” disse a doutoranda em Educação.
No segundo, a EMUFRN abriu as portas e o coração em uma noite plena de brasilidade. Foi realizada uma oficina de roda de capoeira com explicações e vivências sobre os tipos de cantos nos jogos dessa representação cultural. Além dos participantes do Projeto de Ações Integradas Capoeira do Brasil o evento foi aberto ao público em geral. Com um largo sorriso no rosto a professora de Composição da EMUFRN, Dea Jennings, afirmou que a capoeira lhe traz muita musicalidade, pois trabalha ritmo e canto ao mesmo tempo. “Era um sonho meu antigo tocar e cantar, além do grupo trabalhar sempre com solidariedade, amizade e carinho, energias muito positivas”, disse a norte-americana. Como canta, o Mestre Bimba, pai da capoeira moderna e criador do estilo de Capoeira Regional, “capoeira é para homem, menino e mulher. Só não joga quem não quer.”
No último, foi realizado um ensaio musical com exercícios vocais e respiratórios para a gravação de um produto sonoro com canções tradicionais e autorais dos participantes do projeto, a ser produzido no mês de outubro. A capoeira foi criada por pessoas trazidas ao território nacional escravizadas e desenvolvida como uma forma de se defender das violências praticadas pelos senhores de escravos. É uma ciência e expressão cultural que mistura artes marciais, dança, música em uma prática que integra corpo, mente e espírito, compondo um balé de ancestralidade.
Como metáfora da vida é um símbolo de resistência composta de força, flexibilidade, arte e beleza. Em 2014 foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(UNESCO), como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Como diz a canção “ Jogo de Angola” de autoria de Clara Nunes : “ E por toda força; coragem e rebeldia, louvado será todo dia que esse povo lembrar o Jogo de Angola da escravidão do Brasil.”
“Ô berimbau, pedaço de arame, pedaço de pau.”!