Profa. Dra. Mirna kambeba Omágua-Yetê Anaquiri trouxe a temática “Mulheres Indígenas e suas produções: Ancestralidade como força criativa” | Foto: Lucas Targino

Por Lucas Targino, Rute de Souza, Jaiula Alves e Ingred Maciel 

O primeiro dia do XV Propesq PP – Encontro Nacional de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda teve início nesta quarta-feira, 14, no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Decom/UFRN), com o tema “Publicidade, Consumo e Territorialidade Ancestral: ideias para um novo mundo”. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda (ABP2) em parceria com a UFRN, o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFRN) e o Decom. 

“Não podemos perder a chance de discutir e definir melhor a natureza essencial do fazer publicitário” – Prof. Bruno Pompeu 

 

A abertura da ocasião, pela manhã, contou com três mesas, sendo elas a mesa da Comissão Organizadora e Diretoria da ABP2; “Cosmovisões e diversidade epistemológica: os desafios para implementar o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira no ensino superior em publicidade”, mediada pelo Prof. Bruno Pompeu (USP) e “Repensar o consumo para uma Ecologia Integral: integrando o natural, o social e o cultural”, mediada pela Profa. Clotilde Perez (USP).

Mesa de abertura do evento | Foto: Leonardo de Oliveira

A primeira mesa discutiu a importância da incorporação de epistemologias — ou seja, formas de conhecimento — tradicionais aos cursos de graduação em Publicidade e Propaganda. Participaram da conversa os professores Luiz Cezar Silva dos Santos (UFPA), Marcela Costa da Cunha Chacel (UFRN) e Sandro Tôrres de Azevedo (UFRJ). Os docentes debateram sobre esforços continuados em suas instituições para a promoção do diálogo sobre epistemologias tradicionais e territorialidade em todos os níveis de formação superior.  “Pensar em publicidade é pensar em ideologia o tempo inteiro. É preciso inserir as ideias de ancestralidade e raça na formação do publicitário”, diz o docente Sandro Tôrres, reafirmando a importância dos educadores na luta para a implementação de disciplinas sobre as culturas e as relações étnico-raciais no Brasil. 

Ao abrir a sessão de debate, o Prof. Dr. Aly Orellana comentou sobre o letramento indígena no país e como a descontinuação de políticas públicas para a comunidade é um retrocesso prejudicial à todos. “O problema no ensino é que ele parte de uma visão europeia”, diz o doutor, dando destaque à falta de estudo acerca da ancestralidade indígena no Brasil.

Palestra de publicidade, marcas e mercado em debates internacionais | Foto: Ana Beatriz

Durante a tarde, o evento recebeu duas mesas. Na primeira, intitulada “Controversias públicas y construcción marcaria: ¿Hay vida después de las crisis?”, os pesquisadores Paulina Gómez-Lorenzini e Claudio Racciatt, docentes da PUC – Chile, debateram sobre os desafios da publicidade em tempos de polarização política e apresentaram cases em que a publicidade foi utilizada de forma criativa em resposta às tensões causadas por esta polarização. Em seguida, os professores Pedro A. Hellín (Universidad de Murcia) e Fernando R. Contreras (Universidad de Sevilla) trouxeram a mesa “Decolonialidad y consumo estético en el mercado del arte latinoamericano y caribeño”, que trouxe uma nova perspectiva sobre a arte indígena e sua “fossilização” em museus.

 

Conferência de abertura realizada pela Profa. Dra. Mirna kambeba Omágua-Yetê Anaquiri | Foto: Lucas Targino

A conferência de abertura, realizada pela Profa. Dra. Mirna kambeba Omágua-Yetê Anaquiri (Universidade Federal do Sul da Bahia), trouxe a temática “Mulheres Indígenas e suas produções: Ancestralidade como força criativa”. Na ocasião, a docente discorreu sobre sua trajetória como artista e mulher indígena, apresentando suas intervenções e sua pesquisa, de natureza metodológica (auto)biográfica. 

O evento vai até a sexta-feira, 16, e contará com diversas palestras, mesas de debate e  grupos de trabalho.