Por Marianne Plessem
Ontem (10) pela tarde, próximo ao Restaurante Universitário(RU), no Anel Viário do Campus – avenida que delimita o território da UFRN – uma aluna foi vítima de tentativa de sequestro. Segundo relato, a vítima foi abordada na rua por um desconhecido que dirigia um Volkswagen Gol Cinza, e fazia sinais para que ela entrasse no carro repetidas vezes. Assustada, a estudante conseguiu se distanciar, correndo até o Circular – ônibus que faz o translado para a entrada e saída do Campus Central da Universidade.
No caminho até dentro do ônibus a jovem ainda foi seguida pelo mesmo carro, que adentrou as redondezas da Universidade, até o ponto de ônibus, onde se deparou com um grande fluxo de pessoas e seguiu em direção ao Departamento de Fisioterapia.
Outras denúncias foram expostas no dia 2 de abril por meio das redes sociais, essas que formam uma série de relatos de vítimas de assédios dentro dos ônibus universitários. Esses relatos somam mais de 20 casos com abordagens semelhantes por uma parte das vítimas, no entanto, não é possível afirmar se os casos se tratam do mesmo suspeito.
”[…]Fui assediada no Direto. Ele esperou eu escolher onde ia sentar e se sentou ao meu lado, com uma bolsa grande. Indo até a Reitoria, senti uma mão apertando de leve minha coxa, fiquei sem entender o que estava acontecendo. Eu estava sendo assediada dentro do circular, dentro do campus da UFRN, onde supostamente eu deveria estar segura”, relata uma das estudantes da Universidade.
Os estudantes alertam superlotação dos circulares nos horários de pico e que os suspeitos se aproveitam desse cenário para cometer os abusos. As queixas de assédio foram registradas por meio do Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e Ouvidoria Institucional. Em nota, a Reitoria informou que irá colaborar com a polícia para identificação do suspeito.
O Diretório Central dos Estudantes José Silton Pinheiro(DCE), convocou a para o dia 15/04 às 15h30 uma Marcha “Pelo Fim do Assédio: Construindo uma Universidade mais segura”, com intuito de debater o clima de insegurança no Campus e cobrar posicionamento sobre casos de violência registrados dentro do Campus e dos Circulares da UFRN.
Organizações como essas são importantes para trazer visibilidade aos casos e dar voz aos estudantes que foram vítimas desses crimes e, também, constranger os assediadores e garantir os direitos dos cidadãos. “É necessário um posicionamento e uma medida efetiva da universidade, um território que deveria ser seguro para as mulheres, está refletindo o contrário disso, e através da marcha que iremos pressionar a reitoria a construir uma universidade mais segura para as mulheres”, pronuncia Ana Lívia de Lima, estudante de Ciências Sociais e Coordenadora de Mulheres do DCE.
Algumas vítimas foram amparadas e acolhidas pelo DCE, que dispôs do seu Jurídico para acompanhar e dar assistência às vítimas. O clima que fica entre os estudantes, e principalmente entre as mulheres do Campus, é de grande insegurança. As alunas compartilham frustrações com a UFRN, apresentando que o ambiente em que estudam deveria ser, acima de tudo, seguro e longe de violências.
