Por Renata Pereira/Fotec
O potiguar Arthur Cavalcante Silva conquistou este ano o primeiro ouro para o Rio Grande do Norte nas Olimpíadas de Paris 2024. Após um ciclo sendo o líder do ranking mundial, ele concretiza a sua posição ao derrotar o britânico Daniel Powell, e alcança o lugar mais alto do pódio na categoria até 90kg da classe J1, para atletas cegos.
Com apenas 2 anos de idade, o judoca foi diagnosticado com retinose pigmentar, uma doença degenerativa na retina, e desde então começou a perder a visão aos poucos. Sempre sendo uma criança hiperativa, gostava de brincar, jogar futebol e poucas sabiam da real gravidade da sua doença. Mas aos 15 anos, sua visão estava tão comprometida, que atividades como andar de bicicleta ou jogar bola com os amigos, foi se tornando cada vez mais complicado.
Nesse momento crítico, ele conheceu o judô através de um grupo de amigos. Logo no início, sentiu uma forte conexão com o esporte e se destacou em meio de outros atletas que não possuíam nenhum tipo de deficiência. Em 2010, foi convidado para se tornar parte da nova geração de judocas paraolímpicos e segue conquistando diversas medalhas e premiações.
Ao conquistar a coroa de louros, o judoca agradece a Deus, sua família e companheiros que permaneceram desde o início da sua trajetória, e descreve a sensação após vencer seu adversário por ippon. “É ensurdecedor! Estou plenamente feliz de saber que o nosso trabalho tem sido reconhecido por cada vez mais pessoas. E nós cada dia mais, podemos inspirar mais pessoas a seguir em frente, independente de qualquer desafio”, diz Arthur Silva, também palestrante sobre fé e resiliência.
Ao longo de sua carreira, foi oito vezes campeão brasileiro, conquistou a prata e bronze nos Jogos Mundiais de Judô e foi tetracampeão do Parapan-Americanos. Hoje é o segundo atleta paraolímpico a conquistar a medalha de ouro no judô. Pai de Laura e esposo de Tarsila, Arthur Silva segue em preparação e visa conquistar mais uma medalha para a sua estante, nas Olimpíadas de Los Angeles 2028.