Por Maxsuel Morais
A 13° edição da Revista Tabu foi desenvolvida pela turma de jornalismo de 2023.2 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com a orientação da Profa. Dra. Janaína Barcelos. As reportagens, fotografias e todos os elementos da revista experimental foram produzidos pelos discentes e tem o objetivo de contar histórias do povo potiguar. O lançamento ocorreu na quinta-feira (15) no auditório do Decom e o evento esteve aberto ao público.
A revista teve sua primeira edição no segundo semestre de 2017 e é dividida em 4 editorias: cultura, direitos humanos, meio ambiente e periferia. Na edição deste ano, os repórteres contaram diversos tipos de histórias de vida e foram às ruas colher depoimentos do povo que vive na capital potiguar, para assim, dar voz a quem não tem. Organizações Não Governamentais (ONG’s), projetos sociais e pessoas físicas fizeram parte das entrevistas, pois o intuito é englobar um grande público. As reportagens abordaram temas como inclusão de pessoas trans, alagamentos em bairros de Natal, a cultura das Rocas com a segunda do vagabundo demarcando a revista como um espaço que defende a democracia e os interesses coletivos, tudo com foco e abordagem jornalística.
O evento trouxe, para uma roda de conversa, alguns dos personagens das reportagens para que contem suas experiências. O objetivo é criar uma ponte entre a comunidade e a universidade. Foram convidadas então a secretária municipal de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Yara Costa, pela editoria de Periferia; a moradora do bairro das Rocas, terapeuta ocupacional e ativista social, Larissa Lira da Costa, pela editoria de Cultura; e Alessandra Roque de Almeida, mulher trans negra e militante, pela editoria de Direitos Humanos.
Em um relato comovente, Yara Costa contou sobre como começou a vida de militante na UFRN, levando ela a ser a primeira mulher negra a ser secretária na cidade de Natal em 2021. “Minha trajetória é árdua, mas fico feliz vendo hoje na Universidade, as pessoas sendo quem elas são, usando as roupas que querem, usando tranças. Sempre busco estudar e desenvolver meus conhecimentos”, diz Yara, graduada em políticas públicas.
Moradora das Rocas, Larissa Lira se emocionou falando sobre como seu bairro já foi e continua sendo discriminado, mas que, apesar do preconceito, a cultura do samba permanece viva. “A criança de lá já nasce batucando, cheio de ritmo e swing. Hoje as pessoas querem estar nas Rocas pra curtir o samba” diz a terapeuta.
Já Alessandra Roque expôs sua experiência de sobrevivência como uma mulher trans negra no boom da AIDS na década de 80. Na época – ainda antes de sua transição -, considerada a “doença dos gays”, as pessoas não queriam nem chegar perto de “indivíduos como ela”, e Alessandra relata que quando ia na casa de amigos, tinha que comer em pratos específicos além de ter talheres e copos separados. “Eu vim de uma época que a sociedade empurrava a gente pra prostituição. Eu me prostitui por 20 anos, mas hoje vejo que essa realidade mudou muito”, comenta.
O lançamento, mediado pela discente Sara Vitória, finalizou com uma roda de conversa e agradecimentos aos colaboradores e aos alunos que se empenharam para que a revista fosse publicada. A edição deste semestre foi em memória ao colega de curso Pedro Venâncio, que veio a falecer antes mesmo do lançamento da revista.