Por Luan Vidal e Tayná Lopes

  O Fashion Revolution é um movimento global que luta por uma indústria da moda mais sustentável, que conserve o meio ambiente e valorize as pessoas acima do lucro. Implementado no Brasil em 2014, veio a proposta de dedicar 10 dias à conscientização sobre o cenário da moda em todas as regiões do país. Em Natal, a programação é diversa e conta com oficinas, palestras e até mesmo feira de trocas para incentivar a moda circular. Os eventos começaram na segunda (15) e vão até o dia 24 de abril.

    A ação da semana Fashion Revolution surgiu como uma resposta ao acidente desastroso do Rana Plaza, em Bangladesh no dia 24 de abril de 2013 – data que condiz com o último dia de eventos – que deixou 1.138 mortos e evidenciou as condições precárias de trabalho do setor têxtil. O movimento surge então como uma quebra de sistema que busca promover uma indústria mais consciente, segura e limpa, ao trazer reflexões acerca do padrão de consumo de moda da população brasileira e mundial. 

 A moda é política. Então não faz sentido separar as pautas raciais, ambientais e de gênero, da moda. “Perguntar a cor de quem fez minhas roupas se torna necessário quando vivenciamos uma indústria desigual. Você sabia que em média um CEO da indústria da moda recebe em quatro dias de trabalho o mesmo valor que uma trabalhadora de Bangladesh recebe a sua vida inteira? Pois bem, pergunte a cor de quem fez suas roupas, descubra e questione.” diz a bacharela em Moda, Taya Nicaccio.

Palestra Fashion Revolution: Nossa missão, valores e razões para existir (Foto: Luan Vidal)

 Através da educação, comunicação e mobilização, esse movimento existe para incentivar a comunidade local a entender que a moda tem potencial para mudanças sociais e ambientais. A representante local, Vivian Pedrozo, acredita que os problemas de valorização do que é nosso têm heranças colonizadoras, e ter eventos como a Fashion Revolution podem mudar a visão dos moradores locais sobre a moda do RN. “A cultura potiguar é muito rica, seja na frente alimentar, musical, histórica, o que reflete na moda. E esse conjunto é o que faz ser característico potiguar”, disse Pedrozo.

 Para Vivian, o ativismo vai para além da militância, mas também estimula o público a refletir sobre os problemas existentes e discuti-los. Ela aponta que, por sua complexidade, essas questões devem ter a participação de todos e acrescenta que “não existe um próximo passo, mas vários próximos passos para o Fashion Revolution.  Acho que são muitas frentes para abordar, muitas bandeiras para levantar, e por isso se faz necessário a presença de todos.”

Para a programação completa, acesse no Instagram: @modadobem.rn e @fash_rev_brasil