Público reunido no Polo 1, celebrando a 21ª edição da Parada do Orgulho LGBTQI+ de Natal (Foto: Samuel Domingos)
Comunidade, em clima de festa, vai às ruas reivindicar por mais direitos e respeito; evento recebeu grandes artistas locais e nacionais, como a Drag Queen Aretuza Lovi
Por Samuel Domingos, Vini Leão e Joana Mercedes
O ato de comemorar o dia do “gay pride” teve sua gênese no dia 28 de junho de 1969, em Stonewall Inn, Greenwich Village, nos Estados Unidos da América. Na manhã daquele dia, a comunidade enfrentou, de forma direta, os policiais, reivindicando por direitos, uma vez que, na época, os agentes invadiam bares, promoviam violência e vistorias desumanas. Hoje, a data é conhecida por celebrar o dia do Orgulho LGBTQI+.
No Brasil, cada capital do país tem uma organização responsável pela realização da parada em sua localidade. As comemorações que antecederam a da capital potiguar foram as de João Pessoa (PB) e Recife (PE). Natal não ficou de fora e celebrou a 21ª Parada do Orgulho LGBTQI+, com a temática “Nosso Sangue, Nossa Luta, Não Foram em Vão”, reunindo milhares de pessoas, nas quais, em festa e alegria, reivindicavam por respeito e direito à liberdade de ser quem quiserem ser.
Na tarde de domingo de 27 de outubro, o relógio marcava exatamente 15h, quando as principais avenidas da cidade do Natal começavam a ganhar vida; ficaram coloridas. Até os mais distantes do movimento que passavam pelo cruzamento das avenidas Senador Salgado Filho e Bernardo Vieira, sabiam informar o que estava acontecendo por ali: “A Parada Gay”. É assim como o evento é popularmente conhecido. Porém, é importante frisar que o termo já está em desuso. Ocorre que outros grupos como lésbicas, bissexuais, transgêneros, queers, não binários e interssexuais, não se sentiam representados, portanto, agora é denominada como a “Parada LGBTQI+”.
A concentração começou na Salgado filho, em frente ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), campus Central, no Bairro Tirol, e seguiu para o estacionamento do Estádio Arena das Dunas, que contou com a apresentação de artistas drag queens, cantores e performers regionais e nacionais, como a cantora Jaina Elne e a drag queen Aretuza Lovi, destacando-se como uma das maiores drags brasileiras da atualidade.
A “gay pride” contou com a ilustre presença da Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, a quem declarou total apoio ao movimento e esclareceu que os LGBTQI+ precisam ter garantidos os seus direitos, alguns deles elencados na Constituição Federal, mais precisamente em seu artigo 5º (em resposta a entrevista dada à agência Fotec). Além da governadora, esteve presente no local a primeira mulher trans editora-chefe de um jornal no Brasil, a Jornalista Janaína Lima, que discursou sobre a importância do movimento e representatividade dentro do governo do Estado para a elaboração de políticas públicas especiais destinadas ao público LGBTQI+, pois é a primeira vez que existe uma secretaria de governo, no Estado do RN, pensando essas políticas.
Também, fizeram-se presentes no local alguns grupos religiosos, em prol ao movimento de aceitação dessas minorias na esfera religiosa, bem como grupos envolvidos na causa LGBTQI+, como o grupo GAMI/RN (Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes do Rio grande do Norte). Foi demonstrado pelo público do evento, bastante felicidade e tranquilidade.
Ficou evidente que em terras potiguares o que reina é o discurso da liberdade e do amor, pois de nada adianta a liberdade, se não há liberdade para amar e poder amar o que se é, respeitando a subjetividade e dignidade de cada indivíduo na sociedade, observando a complexidade inerente a todo ser humano. A cidade do Natal deu um show de cidadania e respeito.