Cantor e marcador de quadrilha, Marcos Fé, no Festival de quadrilhas de Lagoa de Velhos/RN / Foto: Lissandro Emídio

Por Gabriel Hortêncio e Rute de Souza

 O dia do nordestino, comemorado em 8 de outubro, homenageia o importante poeta, compositor e músico Catulo da Paixão Cearense, o “Poeta do Sertão”, nascido na mesma data do ano de 1863 em São Luís, Maranhão. A data marca também a saga de inúmeros vaqueiros e vaqueiras, cordelistas e artesãos, pessoas que respiram uma tradição indissociável do chão que pisam. Para além dos formalismos das datas comemorativas ou do nome tecnicamente geográfico, Nordeste define e continuará definindo motivo de orgulho, cultura e valor enraizado na história nacional. 

  Importante manifestação artística da região, as quadrilhas representam as cores e tradições do povo nordestino. O quadrilheiro e fundador da Associação Cultural Junina iluminar, em Lajes Pintadas, Marcos Fé, foi voz junina do RN em 2021 e se orgulha de suas origens e de ser porta voz da cultura do Nordeste.  “Eu sinto orgulho da resiliência, da resistência do povo nordestino. Um povo que durante muitos anos, foi oprimido mas que permanece firme, mantendo a sua cultura ativa não só no nordeste, mas em todo o Brasil. Me orgulho pelas nossas comidas, nossos costumes, nossas tradições”, afirma o produtor cultural que carrega mais de 50 prêmios em eventos juninos.

Regina Azevedo, autora do livro “Brasil, uma trégua” / Foto: acervo pessoal

 O Nordeste tem uma grande dimensão de realidades e uma variada amplitude cultural e social, diferentemente do que é propagado na mídia que retrata a região como um lugar de seca, de pobreza e de miséria, quando não, apenas um destino paradisíaco. Nisso acredita a poeta e escritora potiguar, Regina Azevedo, que valoriza e expõe em seu trabalho um Nordeste multifacetado. “Há muitas formas de ser nordestino, assim como há muitos nordestes. E eu vejo o nordeste como um lugar de produção de conhecimento, de arte, um lugar a partir de onde eu escrevo e sobre o qual muitas vezes eu escrevo. Vários dos meus escritores e escritoras, cantores e letristas preferidos são nordestinos, e isso tem muito significado” relata a autora do livro “Brasil, uma trégua”.

Marcos e Regina, dois nordestinos, não somente pessoas de uma região e brasileiros de uma nação, mas acima de tudo marca indelével de uma imagem só: o nordestino. Um povo que produz conhecimento, que é forte e bem assenhorado culturalmenten e de riqueza artística e muito a mostrar e orgulhar-se.