Por: Heloisa Brito, Anderson Oliveira e Cecília Leite
No dia 1 de julho de 2025, nós fomos visitar os bastidores da TV Tropical, em Natal\ RN, em busca de conhecer e se aprofundar no dia a dia dos jornalistas, produtores e editores do programa Balanço Geral. A Tv Tropical é um dos maiores canais de comunicação do RN filiada à Record. Pertence a rede tropical de comunicação, que também controla as rádios CBN Natal e Mix FM Natal, operando no canal oito.
Nós chegamos na TV às oito e meia da manhã. A equipe já se encontrava concentrada na redação, onde estava acontecendo a reunião de pauta. A reunião de pauta é feita diariamente, esse é o momento em que a equipe revisa notícias e decidem quais vão ser destaques na edição do telejornal.
O produtor, responsável por construir as pautas, Natã de Freitas, 22, explica um pouco de como funciona o processo de criação das pautas, desde o contato com fontes e apuração das informações até a finalização: “basicamente a gente tem aqui na TV o modelo de pauta. Vai ter a retranca, as informações de cabeçalho, dia, data, horário, local, nome do entrevistado, contato do entrevistado”. Reforçou também que não basta apenas seguir o release enviado por assessorias: “você não vai deixar essa pauta só com o release. Inclui o que apurou também. Vai fazer algumas perguntas ao entrevistado. É um trabalho de apuração”.
“Bom, o repórter chega da rua, com os off ‘s, com a sonora e com as imagens, e a gente meio que faz a misturinha do bolo” explica Silvia Galdino, editora de vídeo. E acrescenta: “A gente vai seguindo tudo que eles fazem. Como nós somos jornalistas, nós mesmo cortamos aqui [as imagens], mas, se não fossemos, teríamos que ter uma outra pessoa aqui com a gente. Um jornalista.”
Durante a visita, também acompanhamos como funciona a definição do que será notícia. Esse processo passa pelo chamado critério de noticiabilidade, ou seja, a avaliação do que tem mais relevância e impacto para o público.
A editora-chefe, Eliane Bezerra, explicou que a prioridade é sempre considerar o que afeta diretamente a vida das pessoas. “Quando a gente recebe alguma denúncia que merece, de fato, ter uma investigação mais afinada, a gente vai atrás das fontes para descobrir de que forma aquilo vai impactar na vida de quem tá assistindo” afirma Eliane. “Você vai precisar saber o que vai pesar mais no programa, pra poder virar uma matéria, depois uma pauta e ir ao ar”, conclui.
Segundo Eliane, essa avaliação também leva em conta a reação do público nas redes sociais da emissora, como Instagram, site e canal do YouTube, onde comentários e compartilhamentos ajudam a medir a relevância e o engajamento em torno de determinados temas
“Praticamente não tem preparação. Eu sou meio desmantelado, já chego em cima da hora pra faze”, confessa Papinha ao ser questionado sobre a preparação antes de entrar ao ar.
O apresentador ainda relembra episódios da época em que trabalhava no rádio para ilustrar seu estilo espontâneo: “quando estava fazendo um programa na rádio, tinha uma reflexão que eu lia e o produtor queria que eu lesse antes. Eu dizia que não, ‘bote emborcado e eu só leio na hora’, porque se eu ler antes, na hora eu não sei interpretar. É igual um comercial. Se tiver um comercial novo e disserem: ‘quer ler antes?’ Não! tá tudo certo? Então joga na tela”.
Segundo Papinha, essa forma imediata de trabalhar, não é descuido ou desleixo, é apenas a maneira que ele encontrou para realizar seu trabalho com excelência e confiança.“Dizem que é falta de compromisso. Não, não é. É apenas meu estilo. Tenho 38 anos de profissão, eu acho que todo dia a gente aprende um pouquinho”, acrescenta o apresentador.
A visita à TV Tropical mostrou não apenas a rotina intensa de repórteres, editores e produtores, mas também o compromisso que move o jornalismo diário. Se, para alguns profissionais, como o apresentador Papinha, a espontaneidade é a marca registrada, para outros o rigor da apuração é a essência do trabalho.
Esse equilíbrio entre rapidez e responsabilidade foi destacado por Amanda Carvalho, 41, gerente de jornalismo da TV: “Mesmo com toda necessidade da gente levar a notícia para a população de uma maneira mais rápida, a gente não pode em momento algum deixar de se preocupar com a credibilidade do que nós estamos levando ao ar. Pela pressa da informação veiculada, a gente não deixa de apurar. A comprovação de tudo aquilo que vai ser veiculado vem em primeiro lugar com relação à velocidade da informação. É isso que nos diferencia de outros veículos de jornalismo”, conclui Amanda.
