Por: Antônio Henrique, Clara Diniz e Emilly Rayssa
O escotismo é uma iniciativa educativa que foi fundada em 1907, na Inglaterra, pelo oficial do exército britânico, Robert Baden Powell. O movimento foi criado com a premissa de desenvolver jovens, incentivando habilidades de liderança, trabalho em equipe e respeito à natureza, por meio de atividades ao ar livre, utilizando aprendizados práticos e valores éticos. Baden Powell conquistou com facilidade a atenção de educadores, que viam na atividade uma forma inovadora de aprendizado e desenvolvimento pessoal.
Com isso, o projeto foi rapidamente adotado por escolas britânicas, e ganhou reconhecimento mundial após o lançamento do livro “Escotismo para rapazes”, de Baden Powell, em 1908. O sucesso da obra impulsionou a expansão do movimento, que passou a atrair jovens de diversas regiões do mundo.
A CHEGADA DO MOVIMENTO NO BRASIL
O escotismo foi introduzido no Brasil em 1910, por meio de oficiais da Marinha que, retornando de viagem da Europa, trouxeram consigo uniformes de escoteiros. No dia 14 de junho daquele ano, foi realizada uma reunião na casa número 13 da Rua do Chichorro, no bairro Catumbi, no Rio de Janeiro, onde estavam todos os interessados pelo movimento. Foi nesse local, e nessa data, que foi oficialmente fundado o Centro de Boy Scouts do Brasil, a primeira associação escoteira do país.
O escotismo chegou ao Rio Grande do Norte na década de 1920, com os primeiros grupos surgindo em Natal, como o Grupo Escoteiro do Mar “Almirante Tamandaré”. Ao longo dos anos, o movimento se espalhou por outras cidades do estado e se fortaleceu com o apoio de escolas, igrejas e militares. Na década de 1970, foi criada a Região Escoteira do RN, ligada à União dos Escoteiros do Brasil. Hoje, o escotismo potiguar continua ativo, promovendo valores como cidadania, respeito e trabalho em equipe.

A expansão no país foi rápida e na década seguinte o escotismo já estava presente em diversas cidades e estados do Brasil. Grupos escoteiros promoviam acampamentos, oficinas e projetos comunitários, fortalecendo o impacto social e educacional do movimento no país.
Em 1924, com a consolidação do movimento no país, o Brasil participou pela primeira vez do Jamboree Mundial, um dos eventos internacionais mais importantes de escoteiros, que reúne cerca de 45 mil jovens de 150 países para celebrar a unidade, a aventura e o intercâmbio cultural.
O evento é realizado aproximadamente a cada quatro anos, e oferece aos escoteiros a oportunidade de vivenciar um mundo de diversidade enquanto participam de atividades que promovem o crescimento pessoal, a liderança e a cidadania global.
A CONSOLIDAÇÃO DO ESCOTISMO NO PAÍS
Com o crescimento do movimento, em 1928, foi fundada a União dos Escoteiros do Brasil (UEB), órgão responsável por organizar e expandir o movimento em âmbito nacional. A UEB seguiu os princípios de Baden-Powell e alinhou o escotismo brasileiro aos padrões internacionais, consolidando-se como referência na educação complementar de jovens.
Hoje, o escotismo brasileiro conta com milhares de grupos espalhados por todo o território nacional, envolvendo crianças, adolescentes e adultos. As atividades realizadas continuam focadas em trabalho em equipe, liderança e respeito à natureza, enquanto abordam temas contemporâneos como cidadania, sustentabilidade e diversidade.
Lucas Cuellar, de 18 anos, membro do movimento há 12 anos – atualmente integrante do grupo escoteiro do Marista de Natal -, desde o começo encontrou um ambiente acolhedor que favoreceu sua integração e desenvolvimento pessoal. Ao longo dos anos, passou por diferentes grupos e estados, acumulando amizades e valores. “O escotismo moldou minha personalidade. Hoje sinto que consigo trabalhar melhor em equipe, tenho mais responsabilidade e altruísmo”, diz Lucas.
Sua irmã, Gabrielle Cuellar – também do grupo escoteiro Marista – carrega diversas memórias dos seus 15 anos de envolvimento no escotismo, onde construiu sua família e conheceu seu atual marido. “Em um acampamento no Sul, eu e meu grupo enfrentamos uma chuva intensa e precisamos improvisar uma proteção para as barracas. Para mim, o escotismo tem sido uma fonte constante de desafios e boas experiências”, conta a escoteira.

O escotismo molda histórias e personalidades, trazendo os ensinamentos do escotismo para a vida e o dia de seus membros.
Rinaldo de Barros, de 26 anos, compartilhou conosco suas experiências dentro do movimento escoteiro. Ele entrou no escotismo em 2009, inspirado por uma revista em quadrinhos dos “Sombrinhas” do Pato Donald, e descobriu um grupo em sua escola. Desde o início foi acolhido como parte de uma grande família, onde aprendeu paciência e respeito apesar das dificuldades pessoais. Embora não haja um momento único de destaque, ele ressalta o contato com a natureza – como ver chuvas de meteoros e o nascer do sol no interior – e os acampamentos como experiências inesquecíveis que quebram a rotina.
Mais do que um movimento, o escotismo é uma jornada de descobertas, conexões e transformação pessoal. Por meio de vivências marcantes, desafios superados e amizades construídas, jovens como Lucas, Gabrielle e Rinaldo mostram que os valores escoteiros vão além dos acampamentos, eles acompanham cada passo da vida, guiando escolhas, atitudes e sonhos. Em cada lenço amarrado ao pescoço, há uma história de coragem, compromisso e crescimento. E, enquanto houver jovens dispostos a aprender, servir e liderar, o escotismo seguirá firme, deixando sua marca no mundo — e no coração de cada escoteiro.