Pequeno agricultor e pecuarista trabalhando na ração da vaca | Foto: Amanda Thaysa

Por Amanda Thaysa/Fotojornalismo

Sob temperaturas altas e baixas, o senhor Luís de 84 anos dedica seu tempo
todas as manhãs no tratamento das vacas para obter a renda necessária para
custear a alimentação e bem-estar de sua esposa Maria de 80 anos. Segundo
ele, o gasto necessário para manter outra pessoa em seu lugar seria mais prejudicial nas contas ao invés de benéfico.

Luís possui baixa visão, o que dificulta sua vivência cotidiana e principalmente em seu trabalho braçal que necessita maior atenção e cuidado. Além disso, sofre com dores musculares constantes derivados do serviço realizado ao longo do dia.

Ele afirma que apesar do trabalho árduo durante as manhãs, a venda realizada pela sua esposa durante o turno vespertino em sua residência é benéfica no final do mês por ajudar a pagar as contas. Entretanto, sua companheira desaprova o trabalho informal do marido apesar de esse ser um meio de equilíbrio orçamental da família, devido ao risco de saúde do senhor, que já começa a deteriorar.

Senhor Luís alimentando seu gado | Foto: Amanda Thaysa.

“Toda manhã ele faz isso, vai ao roçado cuidar das vacas sozinho e eu fico aqui
em casa. Ele já não tem tantas forças nos braços, o lado direito (do braço) dele treme só de levantar pra segurar a pia. Tenho medo. Se acontecer alguma coisa com ele, como é que eu fico?” conta a esposa.

Parentes informaram que ajudam os pais por diversos meios, mas também passam por dificuldades internas que impossibilitam por fim a atividade exaustiva do pai. Um deles relata que precisou decidir entre o trabalho por si na empresa em outra cidade ou ajudar o pai (que depende da quantidade de vendas do leite de gado).

A saúde do senhor está deteriorando, segundo a família. Com o andar manco e devagar, ele continua sua jornada de volta ao campo no meio das vacas mesmo correndo risco de acidentes e fatalidades devido sua condição debilitada.

Seu Luís em sua fazenda | Foto: Amanda Thaysa

Entretanto, para Luís, a atividade diária desgastante o mantém ativo em sua mente ao interagir com os animais e servir várias poções de rações as suas vacas. Além de aguardar seu momento mais esperado, embora que ruim para suas vendas na região, o parto dos bezerros, quando presencia uma nova vida em sua terra.

Nisso, ele também confessa desgostar deste momento da natureza em virtude do período prolongado sem vendas de leite de gado graças a gestação antes e pós o parto do bezerro que ainda necessitará do acolhimento materno para seu crescimento até a hora adequada da separação e a possível venda do pequeno animal.