Quadro Tambor de Mina, 2013, Artista Mário Vasconcelos - Em exposição na Pinacoteca do RN /Foto: Vinícius Ferreira

Por Ana Beatryz Fernandes e Vinícius Ferreira/Fotojornalismo

No estado do Rio Grande do Norte, o folclore não é apenas um reflexo do passado, mas uma vibrante expressão da identidade cultural que pulsa e segue viva em várias regiões, de diversas formas. São tradições moldadas pela influência de três culturas — indígena, africana e portuguesa — que se manifestam em uma rica tapeçaria de mitos, danças e celebrações que encantam tanto o próprio povo potiguar quanto os visitantes que por aqui chegam.

     O folclore potiguar é famoso por suas lendas e mitos, que permeiam o cotidiano das pessoas e refletem a diversidade cultural da região. Uma das figuras mais icônicas é o “Boi-de-Reis”, uma celebração que mistura elementos da festa tradicional portuguesa com características próprias do Nordeste. Nesta celebração, conta-se a história da captura (ou roubo), a morte e a ressurreição do Boi. Além desse, possuem outros autos tradicionais na cultura potiguar como Boi Calemba, Lapinha e Pastoril, Fandango, Congos e Caboclinhos.

    Segundo Mary Land Brito, Secretária de Cultura do RN, a cultura é preservação, patrimônio, e tudo aquilo que formam as pessoas e integra o cotidiano: “A cultura é um direito humano que deve ser garantido. O Rio Grande do Norte tem uma cultura riquíssima, além de muitos nomes que movimentam a cultura não só dentro do estado, mas em todo o país”.

Obra esculturas sobre folclore, do artista Sérgio Teófilo – Em exposição na Pinacoteca do RN /Foto: Ana Beatryz Fernandes

         O RN também é berço de um dos maiores folcloristas brasileiros, Luís da Câmara Cascudo. Em 1941, Cascudo fundou a “Sociedade Brasileira de Folclore”. Em 1943 foi convidado pelo poeta Augusto Meyer, diretor do Instituto Nacional do Livro, para redigir o “Dicionário do Folclore Brasileiro”, publicado em 1954 e até hoje referência na área. Além da valorização das histórias e lendas populares, o potiguar considerava as cantorias e danças brasileiras como expressões de um saber legítimo e fascinante.

        A secretária Mary Land destaca também a importância da criação de uma secretaria voltada para cultura como forma de preservar as tradições locais: “A Secretaria da Cultura do Rio Grande do Norte vem da necessidade em ter um instrumento do Governo do Estado que garanta a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura, além de apoiar e incentivar a difusão das manifestações culturais”.

        Com a globalização e os avanços tecnológicos, equilibrar a preservação das tradições com a modernidade é um desafio. Para o músico Moisés de Lima, é necessário que vários agentes sociais participem do processo de resistência cultural para manter vivo o folclore no estado: “Eu acredito que seja papel, sobretudo, dos governos municipal, estadual e federal, criar e aperfeiçoar suas ferramentas para manutenção do seu patrimônio artístico e cultural. Agora, cabe também uma maior participação social, uma maior participação da população, dos segmentos da sociedade civil nesse processo”.

Obra Catirina e o Boi, 2022, do artista Jefferson Campos Em exposição na Pinacoteca do RN /Foto: Ana Beatryz Fernandes

     A música e a dança são componentes essenciais do folclore potiguar. Segundo Moisés, os grupos folclóricos representam os símbolos mais marcantes desse segmento no RN: “Araruna é um dos grandes exemplos. A Sociedade Araruna, localizada nas Rocas, em Natal, é um dos grandes grupos folclóricos que mantém viva a expressão da dança popular”.

    O folclore potiguar é mais do que um conjunto de tradições; é uma celebração vibrante da identidade cultural e da rica herança do Rio Grande do Norte. À medida que o mundo avança, essas tradições continuam a desempenhar um papel fundamental na cultura e na construção da comunidade, mantendo viva a magia e o encanto do passado.

DIA DO FOLCLORE BRASILEIRO

       A palavra “folclore” surgiu no século 19 pelo pesquisador britânico William John Thoms. Ela é formada pela junção das palavras inglesas folk (em português significa povo) e lore (em português significa conhecimento), resultando no significado literal de “conhecimento do povo” ou “aquilo que o povo faz”.

     Folclore refere-se a um conjunto de tradições e práticas culturais, como costumes, lendas, músicas e danças. No Brasil, importantes estudiosos do folclore são nomes como Renato Almeida, Mário de Andrade, além do potiguar Luís da Câmara Cascudo.

     O “Dia do Folclore Brasileiro” é celebrado em 22 de agosto, uma data oficializada pelo presidente Humberto Castelo Branco em 1965.