Sylvana atendendo um cliente. (Foto: Pedro Araújo; Equipamento: Nikon 3100)

Por Pedro Araújo/Fotojornalismo

O mercado de farmácias no Brasil vive um momento de crescimento expressivo. Com mais de 89 mil estabelecimentos registrados em todo o país, o setor farmacêutico movimentou cerca de R$ 160 bilhões em 2023, segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Esse aumento, impulsionado principalmente pela pandemia de COVID-19, refletiu a importância das farmácias na oferta de serviços essenciais, como vacinação e testes rápidos. Contudo, essa expansão acelerada trouxe à tona desafios significativos, como a saturação do mercado e a intensa competição, especialmente em regiões urbanas densamente povoadas.

 Um exemplo claro desse fenômeno pode ser observado no bairro Jardins, em São Gonçalo do Amarante, onde existem 13 farmácias. No conjunto Jardim Petrópolis, que faz parte do bairro, cinco farmácias disputam um espaço reduzido, refletindo a concorrência acirrada que caracteriza o mercado local. Esse cenário se repete em outras regiões do país, como nos bairros de Santo Amaro, em São Paulo, e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde o número de farmácias próximas umas das outras tornou-se tão comum quanto a padronização dos serviços oferecidos.

Nesse ambiente competitivo, a história de Sylvana e Joas Manso se destaca. Sylvana, que antes atuava como administradora, decidiu mudar de carreira em 2019 e se matriculou no curso de Farmácia, já com o plano de abrir um negócio próprio. “Eu queria algo que me conectasse mais diretamente com as pessoas, onde eu pudesse realmente fazer a diferença na vida delas,” conta Sylvana. Ao seu lado, Joas, que era representante de medicamentos, compartilhava do mesmo sonho, mas a vida do casal mudou drasticamente quando a pandemia atingiu o Brasil no início de 2020.

Sylvana atendendo um cliente. (Foto: Pedro Araújo; Equipamento: Nikon 3100)

Joas contraiu COVID-19 e ficou gravemente doente, uma experiência que o fez repensar suas prioridades. “Depois de quase perder a vida, percebi que precisava fazer algo mais significativo,” relembra Joas. Ao se recuperar, ele decidiu sair do emprego e unir forças com Sylvana para abrir a tão sonhada farmácia. “Foi um momento de muita incerteza, mas ao mesmo tempo, de muita determinação,” acrescenta Sylvana. 

No entanto, a jornada do casal não foi fácil. Eles enfrentaram problemas significativos com a burocracia, que quase atrasaram a abertura da farmácia. “A quantidade de documentação e as exigências regulatórias foram um verdadeiro desafio. Houve momentos em que quase desistimos devido à complexidade dos processos,” conta Joas. Sylvana complementa: “Cada etapa parecia um obstáculo, mas nós perseveramos porque acreditamos no impacto positivo que poderíamos ter.”

Sylvana e Joas recebendo mercadorias e atendendo um cliente. (Foto: Pedro Araújo; Equipamento: Nikon 3100)

Finalmente, em setembro de 2022, a farmácia foi inaugurada, rapidamente ganhando a confiança da comunidade local. “Nosso diferencial sempre foi o atendimento mais humano e próximo. Cada cliente é tratado como parte da nossa família,” explica Sylvana. Joas complementa: “Vimos muitos estabelecimentos abrirem e fecharem, mas acreditamos que a maneira como tratamos as pessoas nos ajudou a nos manter firmes.”

A história de Sylvana e Joas não é isolada. Em meio ao crescimento do número de farmácias, muitos empreendedores enfrentam desafios similares. A saturação do mercado, evidenciada em bairros como Jardins e regiões metropolitanas em todo o Brasil, torna a sobrevivência das pequenas farmácias uma verdadeira prova de resiliência. O setor farmacêutico, apesar de sua expansão, exige cada vez mais inovação, personalização e um atendimento diferenciado para que novos estabelecimentos possam se manter competitivos.

Sylvana preza pelo bom atendimento. (Foto: Pedro Araújo; Equipamento: Nikon 3100)

O mercado de farmácias no Brasil continua a crescer, refletindo tanto a demanda crescente por serviços de saúde quanto a complexidade de se manter relevante em um ambiente saturado. A jornada de Sylvana e Joas Manso, desde a decisão de abrir uma farmácia até a consolidação de seu negócio, ilustra os desafios e as oportunidades que os novos empreendedores enfrentam. Em um setor onde a competição é acirrada e a saturação é uma realidade, histórias como a deles mostram que, com determinação e um foco no atendimento humanizado, é possível se destacar e conquistar a confiança da comunidade.