A Escola Estadual Alberto Torres, realizou nesta sexta-feira a II Mostra Científico-cultural
Por Joana Mercedes
“O educador se eterniza em cada ser que educa”.
Paulo Freire
Na manhã da sexta-feira do dia 15 de setembro de 2023, começou a II Mostra Científico-cultural – mobilizando saberes culturais e científicos para a construção de uma sociedade sustentável. O evento foi promovido pela Escola Estadual Alberto Torres, com a participação direta dos alunos do ensino fundamental e grande atuação das gestoras Aline Freitas e Daianne Luz.
Ao lado da Praça das Flores, localizada no bairro de Petrópolis, a escola foi cenário de algumas explanações, que começaram ainda pela manhã e se estenderam ao longo do dia. Jogos matemáticos, exposição artística, contos, reciclagem, pinturas sustentáveis ou a vernissage, tudo acessível aos frequentadores do bairro. Com direito à apresentação cultural e estudos sobre a Caatinga, como também curiosidades referente a personalidades importantes para uma construção de saberes e respeito a nossa ancestralidade.
A dedicação da equipe educacional é enorme, transborda conhecimento e fomenta a transformação social. O aluno do 9° ano, Luz Felipe, expressa a felicidade em participar do evento, alega que a professora Arkeley Xênia, trabalha com eles “há certo tempo”, mais precisamente desde 2020, orientando não apenas no conteúdo da disciplina de ciência, mas atuando, também, como uma espécie de orientadora nas escolhas da vida. Além das aulas de ciência, a professora contribui no desenvolvimento da arte que ele e mais três colegas gostam de praticar, o desenho. Sempre incentivando e contribuindo diretamente para que se percebam como artistas. Luiz, nos explica, que apesar de não gostar da matéria de ciência, nas mãos da professora Xênia, a disciplina se torna fácil e prazerosa. Ele esclarece que tudo começa com a posição das carteiras, que estão sempre em círculo para a realização das aulas. Aponta, que a professora faz o conteúdo parecer acessível ao entendimento dele e dos demais colegas, tornando o momento de aprendizagem um local de satisfação e partilha de conhecimentos.
O outro desenhista, Alexandre Gabriel, explica que ele e os três amigos – Hudson Ubiratan, Abraão Cordeiro e Luiz Felipe – estudantes da escola, começaram a desenhar muito pequenos e que se aproximaram nas aulas a partir do gosto pela arte. Conta, ter sido surpreendido pela professora de ciências, que apresentava um semblante satisfeito e orgulhoso com os traços produzidos por eles, realizando o convite de desenharem na mostra. Momento de muita felicidade e realização, pois puderam participar como desenhistas e pensarem em uma arte que estamparia a camisa do 9° ano para o evento, desing que fora criada pelo colega Abraão.
Na “Sala de Jogos”, duas disciplinas e uma particularidade essencial, a inclusão social. A sala ministrada pelas professoras Kácia Patrícia Pinheiro, Elba de Brito e Priscila Lopes, rodeada de jogos que interagem com duas disciplinas tidas como difíceis e imprescindíveis para qualquer discente: Português e Matemática, ambas costumadas a gerar dores de cabeça a turma de qualquer época. Entretanto, as professoras desenvolvem jogos de acordo com o assunto abordado no ano letivo, transformando um momento, que poderia ser desconfortável, em algo muito além da transmissão de conceitos e regras.
A professora Kácia, começou esse trabalho desde 2008, logo após terminar uma pós em Metodologia do Ensino da Matemática e Física, exprime: “quando fiz a minha pós, em meu trabalho de conclusão de curso, resolvi estudar os jogos e desenvolver uma pesquisa quanto a importância do lúdico na educação matemática, começando a aplicar nas escolas em que trabalhava, tanto na rede pública como na rede particular de ensino”.
A docente, percebe que encontra mais dificuldades em desenvolver o seu trabalho na rede pública de ensino, por questões relacionadas a recursos de materiais, como também ao processo cognitivo dos discentes, não por serem menos inteligentes, mas por não possuírem tanto acesso a informação como os discentes da rede privada. Porém, compreende a importância dos jogos nessas disciplinas, bem como na educação inclusiva, que, para a professora Kácia, a colega Priscila Lopes exerce com muita maestria, pois desenvolve um trabalho muito importante com os seus alunos, assim como a sua colega e parceira Elba de Brito, que trabalha questões gramaticais e de letramento com jogos super instigantes, tomando a atenção dos alunos, formando educandos que passam a pensar e gostar da Língua Portuguesa. Expressa, ainda, que os alunos acabam compreendendo o quanto é possível aprender brincando e que existe algo além das letras, regras e números, que envolvem as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, o prazer de conhecer e aprender na prática de forma lúdica, facilitada e inclusiva.
A turma do 8° anos, ministrada pela professora Luana Lira, apresenta personagens imprescindíveis no processo de formação e resistência cultural do Brasil e do estado do Rio Grande do Norte, enaltecendo figuras como o Mestre Severino, que trabalhou com muito amor como representante do Coco de Roda, considerado um dos mestres mais importantes do nordeste. Para a professora, é de grande valor o acesso a esse tipo de informação, aos alunos, uma vez que o conhecimento ancestral gera o sentimento de pertencimento cultural e territorial, estabelecendo o interesse na preservação e resistência da cultura, sempre atrelada a transformação social.
Na sala coordenada pela professora Ângela Melo, foi trabalhado a Ecoarte, explanação que discutiu sustentabilidade no processo criativo da pintura, recordando uma artista plástica do estado, Maria do Santíssimo, natural de São Vicente/RN, na qual produzia os próprios pinceis com galhos de plantas e utilizava tintas de abstratos naturais, por, na época, não ter recursos financeiros para a compra de material de pintura. A professora, recorda a importância de se fazer uso dos recursos naturais, não apenas por uma questão relacionada as fragilidades frente as dificuldades financeiras existentes na rede básica de ensino, mas por uma questão de sustentabilidade e preservação do planeta. Não deixando de observar, no processo criativo de cada aluno, a sua subjetividade, apesar de fazerem o uso das mesmas técnicas e materiais.
Todos os assuntos abordados na II Mostra, realizada pela escola, retratavam questões relacionadas a sustentabilidade, cultura e o conhecimento científico. O professor de educação física, Enock, trabalhou com a Avaliação Antropométrica, um método que investiga o estado nutricional de uma pessoa, permitindo descobrir a composição corpórea. As turmas do 7°, explanaram o tema reciclagem, com orientação das professoras Lorena Barbalho, Renata Marinho e Silvia, observando a importância de separar o que ainda pode ser utilizado, questionando o consumo e buscando um olhar mais consciente diante das problemáticas existentes quanto aos descartes. As professoras Márcia e Natália Rayanne, orientaram os seus alunos com a temática do Conto, ajudando na compreensão do gênero. Ademais, teve a II Exposição de Livros, organizada pelas professoras Fabiana e Lúcia.
O universo escolar é contagiante, mas o aprendizado dos estudantes da Escola Estadual Alberto Torres não fica por aqui, fica por aí, em todos os lugares e tempo. Na data de 21 de setembro de 2023, os alunos ocuparão o centro administrativo do Estado do Rio Grande do Norte, com a participação na II Mostra Científica cultural – aprendizagem, conhecimento e cultura. O evento será promovido pela Secretaria de Educação do Estado do RN, reunindo diversas escolas públicas. De acordo com a coordenadora pedagógica, Fernanda Teixeira, é o segundo ano em que a escola participa, momento grandioso para os alunos desenvolverem o conhecimento adquirido durante o ano letivo e principalmente por se perceberem partícipes do processo de desenvolvimento do conhecimento.
Além de educadores, os professores e toda a equipe pedagógica da Escola Estadual Alberto Torres, são potencializadores, permitindo que os seus discentes, transbordem conhecimento e percebam-se como potência de transformação social, resistindo a todas as dificuldades e galgando espaços de representatividade e luta, pois como diria o Pensador Paulo Freire: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.