Por Sthefanny Ariane
Um espaço diferente tem chamado a atenção de crianças e adultos que circulam pelas escolas Lápis de Cor e MOV, localizadas na Zona Sul de Natal. Quatro latões pintados de verde, azul, vermelho e amarelo, enfileirados em plataformas de madeira indicam um novo projeto inaugurado neste mês de junho nas escolas: o Maravilhoso Hall da Sucata, construído com o protagonismo dos próprios estudantes. O Hall é um ambiente destinado a receber materiais recicláveis, incentivando práticas sustentáveis entre os alunos e ensinado a importância da reciclagem e reutilização.
A ideia surgiu a partir das doações da estudante do 4º ano, Maria Helena. A menina conta que criou o hábito de levar a sucata que encontrava em casa para a escola. “Quando criaram o Ateliê na escola, eu pensei: vou levar a sucata de casa para lá. Me perguntaram se eu queria fazer algum projeto com esse material, eu respondi que sim, então, depois de algumas semanas, me chamaram para fazer o Hall da Sucata”, explicou Helena. Ela, que tem oito anos, disse que desde os quatro constrói brinquedos com os materiais que encontra, reaproveitando tudo que antes iria parar no lixo.
As doações dos materiais feita por Maria Helena têm sido utilizadas nos projetos das escolas, o que tem feito todos refletirem cada vez mais sobre atitudes sustentáveis. Agora, com a inauguração do espaço, chegou a vez dos demais estudantes, com suas famílias, participarem dessa ação que acontecerá diariamente.
“Eu me preocupo com o meio ambiente e sei que ajudo reciclando. Espero que as pessoas façam a mesma coisa que estou fazendo, porque o planeta é a nossa casa e precisamos cuidar dele”, acrescentou a menina.
Hall da Sucata
O objetivo do projeto é promover a coleta seletiva (plástico, papel, vidro e alumínio), além do lixo eletrônico, como restos de computadores, carcaças de notebooks, teclados, mouses e pilhas. A partir disso, as crianças irão traçar outros projetos sustentáveis. A ideia é que o Maravilhoso Hall da Sucata faça parte do dia a dia pedagógico dos alunos.
Os materiais que não forem reutilizados na escola, por oferecer riscos, como é o caso das pilhas, receberão um destino mais adequado. As escolas pretendem buscar parcerias com as empresas das próprias pilhas e baterias, além de cooperativas de reciclagem para que seja realizado o descarte correto.
“Além de ensinar os conteúdos, também ensinamos para a vida. Os alunos não estão aqui só para aprender algo para a futura formação, mas para que saibam interagir com os espaços e o meio ambiente”, explicou Polena Machado, coordenadora do Ensino Fundamental dos Anos Iniciais.
Para a educadora e atelierista Fernanda Heloísa Cruz, 23, o projeto também servirá para fortalecer vínculos e melhorar o envolvimento das crianças na sala de aula e em outras atividades escolares. “Juntamos algumas turmas da Ampliada (Tempo Integral) que realizaram a coleta de dados e materiais e, mobilizamos também, as crianças da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Escola MOV, todos unidos concretizando a ideia de sustentabilidade e motivando atitudes de conscientização”, contou.
A professora explica que é um desafio a interação da parte lúdica e criativa com a natureza, porém, Maria Helena e seus colegas se envolveram desde o início na idealização e construção do espaço. “Ela (Maria Helena) sentou e fez o croqui do ambiente, imaginou como deveria ser o espaço e aos poucos fomos construindo. A estrutura e lugar foi idealização dela, então, a escola apenas contribui acreditando e dando todo o apoio necessário”, explicou a professora.