Por Maxsuel Morais e Rute de Souza
Natal foi sede do Torneio Regional de Ginástica Rítmica Nordeste 2024, evento que selecionou as atletas que irão representar seu estado no torneio nacional que acontecerá em Cuiabá este ano. Reunindo mais de 500 atletas de 47 clubes de toda a região nordestina, o campeonato aconteceu no Ginásio Nélio Dias, na Zona Norte da capital potiguar, e foi realizado pela Federação Norte Riograndense de Ginástica em colaboração com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e o clube Aginat América (RN). O torneio se estendeu do dia 28 de agosto a 1° de setembro.
Para quem praticou ginástica rítmica a vida inteira, treinar meninas é uma tarefa natural e estimulante. Nisso acredita a treinadora do clube Aginat América, Paula Daniele Martins, que fez GR por dez anos e há oito faz parte da associação de ginástica de Natal. “O esporte é primordial na vida de qualquer criança e adolescente, porque é a partir dele que elas conseguem se socializar, trabalhar a parte emocional e também a atividade física de treinar e se dedicar, fazendo com que elas consigam ser melhores cidadãs”, relata a treinadora.
A Ginástica Rítmica é uma junção da ginástica tradicional com os movimentos artísticos do balé, tendo aparelhos próprios como corda, bola, fita, maças e arcos. A atleta do pré-infantil nível 1 do clube CIC de Pernambuco, Maria Júlia Toscano, com apenas 10 anos de idade, já está na modalidade há quase 5 anos e conheceu a Bahia e o Rio Grande do Norte através do esporte. Sua mãe, Mirela Toscano, percebeu muitos benefícios no desenvolvimento social e físico de sua filha por praticar essa modalidade. “A responsabilidade, a competitividade no lado positivo, mais atenção, mais carisma e o treino da ginástica foram muito benéficos pra ela”, conta a empresária.
Nelson Mandela disse: “O esporte tem a força de mudar o mudo”. Com base nisso nasceu o projeto social Cagiba na Bahia, que leva a Ginástica Rítmica para crianças carentes. A técnica do projeto, Tathiana Brandão, também é treinadora do colégio Salesiano da Bahia e está na área há mais de 20 anos. Sua paixão é o esporte e o poder que ele tem de mudar vidas é o que a faz continuar em frente. “As meninas são de realidades muito pobres, meninas que não tem oportunidades e que estão aqui tentando se realizar. Nós sabemos o quanto o esporte abre portas e dá outra visibilidade dentro da criança, o esporte precisa entrar na vida das crianças para mudar muitas dimensões e a autoestima é uma delas, elas veem o quanto são capazes de se dedicar e o compromisso com o esporte”, diz a técnica.
Um dos destaques do programa é a Rafaela Soares, treinadora do Cagiba mas que também iniciou no esporte através desse projeto. Ela foi atleta de GR por 11 anos e parou para estudar e se especializar para conseguir ensinar a modalidade. Apesar de sempre ter apoio e ganhar muitas competições, Rafaela reconhece as dificuldades de ter sido uma atleta nordestina de uma modalidade não tão reconhecida. “Eu vejo um pouco de mim nas meninas que eu treino, a garra delas de querer treinar todos os dias, mesmo sem condições, sem transporte, elas dão um jeito pra continuar treinando. Elas aprendem comigo e eu aprendo com elas”, afirma a treinadora
A torcida é gigante e as mães das atletas participaram da ocasião. Elas destacam a importância e a diferença que o esporte fez na vida das filhas. “Minha filha pratica esse esporte tem dois anos, além de melhorar o físico também vi melhora em questão da ansiedade, o esporte continua ajudando minha filha a vencer esse transtorno”, diz Luciane Santos, mãe de Ana Júlia do projeto Cagiba. Já a costureira Elisabeth Pereira, também do mesmo projeto, é mãe de Yasmim Helen de 9 anos e conta que sua filha teve um bom desenvolvimento e “fica muito animada para competir, conhecer outros lugares e crescer no esporte”.