Por Guilherme Maia Garcia/Fotojornalismo
A maioria absoluta dos praticantes de jiu-jitsu afirmam que o esporte não deve ser tratado apenas como uma modalidade esportiva qualquer, mas também, como uma filosofia de vida, visto que ele foi capaz, não apenas de melhorar a saúde física de seus praticantes, mas mudar por completo a vida pessoal e profissional delas. Alguns levaram ao nível de se tornar uma grande referência internacional para o estado do Rio Grande do Norte e para a região do Nordeste. Esse é o caso do mestre Itácio Lisboa.
Itácio está ativo desde 1988 e filiou-se a Gracie Barra em 2001. Apresentou seminários no Brasil e no mundo inteiro. Dubai, Abu Dhabi, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Portugal, França e Estados Unido foram alguns desses locais. Com esse trabalho, ele se tornou um grande administrador das escolas ‘Gracie Barra’.
Na Gracie Barra, a tradição é a padrão norma de pedir licença ao mestre e cumprimentar os seus colegas de treino, do mais ao menos graduado. Algo bem tradicional nas artes marciais. Itácio reforça: “toda a arte marcial tem essa tradição e com o jiu-jitsu, como a licença para entrar e sair do tatame. O jiu-jitsu, por ser uma arte marcial, precisa respeitar os seus pensamentos filosóficos.”.
O Brasil tem diversas outras escolas de jiu-jitsu, mas a Gracie Barra é considerada a maior escola de ‘arte suave’ do mundo. Mas, para quem pergunta como ela surgiu, é preciso conhecer o seu fundador. O mestre Carlos Gracie Jr.
Ele fundou a primeira escola da Gracie Barra na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Por isso, ela leva esse nome. Ele é filho do grão-mestre Carlos Gracie, que junto ao seu irmão Hélio Gracie, foram os primeiros a praticar o esporte com os ensinamentos de Mitsuyo Maeda, ‘pai do jiu-jitsu brasileiro’.
As aulas são divididas em três partes. A primeira é o aquecimento, para poder trabalhar bem a musculatura. A segunda parte é aplicar o fundamento e a técnica ensinada pelo professor. Momento em que os alunos também tiram as suas dúvidas para aplicá-la da melhor maneira possível. Já terceira parte é o momento de usar toda a técnica que você tem, chamar o colega e dar um ‘rola’, nome dado ao treino que simula uma luta de competição.
No final, seguindo o caminho da suavidade, e acima de tudo, com disciplina, foco e compromisso, seus alunos são recompensados com mais um grau em sua faixa. E para finalizar com chave de ouro, o registro final que ficará guardado no livro de fotografias e na memória dos seus alunos.
“O jiu-jitsu é mais que um esporte, é uma filosofia de vida. Ele transforma o medroso em corajoso, o fraco em forte. Ele melhora a sua autoconfiança, a sua força mental e a sua cooperação. O ideal é iniciar a praticar a partir dos 3 anos para que as crianças e os adultos melhorem a cada dia”, retoma Itácio Lisboa.
Na Gracie Barra, as crianças começam desde cedo. Os registros foram de uma turma menor em relação à quantidade de alunos, mas essa é apenas uma, de duas turmas, que o professor Francisco Júnior ministra durante a sua agenda.
“Pra mim o Jiu Jitsu faz algo da minha rotina e é o que me traz paz. Além do preparo fisico, e todos os diversos benefícios físicos que o Jiu Jitsu trás, o melhor que posso dizer são os benefícios psicológicos, como autoconfiança, autoconhecimento, saber lidar com situações difíceis, trabalho em grupo e tudo mais. Todos esses benefícios são importantíssimos na vida de qualquer criança, crescer com todas essas habilidades é importante demais, além dos valores que são enormes, como o respeito, o cuidado, disciplina, foco, etc. Por isso acho muito importante o Jiu-jitsu principalmente no período de formação das crianças”, relata o professor.
Se para os adultos, o jiu-jitsu assemelha-se a uma terapia, para as crianças não é diferente. “Acredito que as maiores mudanças que o Jiu Jitsu traz para as crianças é em relação ao emocional delas, como por exemplo ter mais confiança e consciência sobre o que é a luta, entender ela não como uma briga, mas sim uma arte marcial, que pode ser praticada para o bem, entendendo a importância de cada golpe, conhecimento, etc. Muitos pais me relatam que antes do Jiu Jitsu seus filhos se sentiam inseguros e não sabiam como reagir a situações de violência principalmente na escola, hoje elas se sentem mais fortes e sabem que brigar não leva a um bom caminho e sempre tem que encontrar responsáveis para se evitar a briga.
Trabalhar com as crianças é algo muito prazeroso, pois elas tiram daí as maiores lições. Às vezes, não é uma tarefa fácil, mas seu professor trabalha da melhor maneira para receber a atenção delas. O maior desafio que encontro em relação ao Jiu jitsu para crianças é em relação a paciência comigo mesmo, como crianças são pessoas em formações, precisamos entender que o tempo delas é diferente do nosso, adultos que já fomos crianças um dia. Então a cada dia venho buscando em mim mesmo ter mais paciência para entender o tempo que as crianças tem, algumas mais agitadas, outras mais lentas, mas cada uma de sua forma.
Mais uma aula se encerra e a tradição, e os registros não ficam de fora do momento das crianças. Isto é Gracie Barra. Isto é jiu-jitsu. Mais que um esporte, um estilo de vida.