Por Andrezza Tavares
O nome Quintas significa fazendas. Na implantação da cidade de Natal era ali que se formava a sua periferia. Em levantamento etnográfico, feito por alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), através da disciplina Antropologia e Educação, verificou-se que a riqueza cultural desse bairro é inestimável, apesar das marcas de exclusão social sofridas por sua comunidade.
Em se tratando de cultura, pode-se afirmar que Quintas, é, indiscutivelmente, um exemplo da heterogeneidade cultural potiguar, face às múltiplas influências recebidas de distintas etnias. Sobre isso é correto afirmar que os portugueses contribuíram com o nome do bairro (quintas); os franceses, com as danças folclóricas (quadrilhas) que se mantêm presentes intensamente entre os seus jovens, com requinte e espírito de alegria; os italianos, contribuíram com os gestos e modos de falar; e enfim, a mãe áfrica, que é das etnias a mais marcante na nação Quintas, destacadamente, por meio das práticas religiosas e do amor pelo esporte capoeira.
Quintas é hoje um bairro central que estabelece elo entre diferentes regiões de Natal/RN. Esse território reúne importantes hospitais públicos que atendem a população do Estado do Rio Grande do Norte (Giselda Trigueiro, Luís Antônio, etc) e acomoda sindicatos de trabalhadores. A sua população o considera um bairro muito bom para a habitação. Uma de suas marcas é a preservação do hábito de sentar nas calçadas, ao final do dia, para o exercício da união, cumplicidade e identidade comunitária.
Para a antropologia, no território das Quintas viveram Índios Potiguares agrupados nas margens do Rio Potengi. Esses índios se aliaram aos franceses e se opuseram aos portugueses como estratégia de resistência no período da colonização do Brasil.
A amplitude hidrográfica está entre as maiores riquezas que as Quintas possui. Assim como o Nilo está para o Egito, o Rio Potengi está para as Quintas. Existe um vínculo muito forte entre o Rio Potengi e essa comunidade que aguarda por sua despoluição. Um exemplo do exposto é o codinome carinhosamente atribuído pelos moradores de Rio das Quintas.
A valorização do aniversário dos 302 anos do bairro das Quintas é um exemplo de como os filhos de Natal podem tornar a capital do RN palco de reflexões históricas que intensifiquem a sua identidade cultural.