Por Gil Araújo

No próximo sábado, dia 09, Natal será palco da Mini Ball Xanana, organizado pela Casixtranha em colaboração com a Casa de Acúenda, marcará um momento histórico na cidade, sendo o primeiro mini ball da cultura ballroom a ser realizado na região. Com cinco categorias e prêmios em dinheiro, o evento busca  promover a celebração da cultura ballroom no estado. A programação terá início às 17h, e a entrada é gratuita. O local escolhido para sediar o evento é o Yaras Porto, na Ribeira.

Elementos da cultura ballroom também estão presentes em festas da cena alternativa que acontecem na capital potiguar | Foto: Gil Araújo/Agência Fotec

Para aqueles que ainda não estão familiarizados, a cultura ballroom é uma forma de expressão artística LGBTQIAP+ que nasceu nas comunidades negras e latinas de Nova York na década de 1980. Desde então, ganhou destaque internacional, oferecendo um espaço seguro para a celebração da autenticidade, a diversidade e a moda. O que diferencia um ball de outros eventos é a competição. Os participantes, disputam em categorias que vão desde o voguing, uma forma altamente estilizada de dança, até desfiles de moda e desafios de estética. Cada categoria é uma oportunidade para os competidores exibirem sua singularidade e talento, muitas vezes com um toque de teatralidade e drama.

“As expectativas estão muito altas. Estamos realizando treinos abertos desde o início do ano e está sendo muito incrível ver a dedicação da nossa comunidade aqui em Natal. A cultura ballroom é muito sobre celebrar corpos marginalizados, e está sendo lindo ver a expressabilidade desses corpos e a possibilidade de reverbera-los”, diz Marxine, membro da Casixtranha. A artista ainda salienta a importância de movimentos como o coletivo Ninho de Guabiru e a Casa Kamikaze, responsáveis por fomentar a vogue dance na capital na última década, possibilitando que, neste ano, a ball acontecesse. 

Foto: Divulgação

Para a mãe da Casa de Acúenda, Vitoria Um Milhão, a ball marca um momento histórico para identidades de pessoas trans, travestis e pretas: “Minhas expectativas são que as pessoas vão para a Ball, se sintam bonitas, que se divirtam, apreciem o trabalho de todos os envolvidas, desde as que produziram as que estão caminhando nas categorias. Esse é o momento de também celebrarmos umas às outras e construir  respeito pela comunidade e a cultura, e que se apaixonem e queiram estar junto conosco nessa caminhada de construir uma cena forte e potente aqui no estado”. Vitoria conheceu a cultura ballroom na Paraíba, onde morava, e ao se mudar para as terras potiguares montou sua casa em conjunto com Lili Nascimento, tio da Casa de Acúenda, que também fomenta e constrói cultura no RN. 

Os esquemas de casas na cultura ballroom são pilares essenciais desta comunidade. As casas são grupos, mas também famílias escolhidas, proporcionando apoio, mentorias e um senso de pertencimento a seus membros. Cada casa tem sua própria hierarquia e história, e geralmente são lideradas por mães ou pais que orientam os filhos e filhas em competições de voguing e desfiles das categorias. Estas casas oferecem um espaço seguro e acolhedor para pessoas de todos os gêneros, orientação sexual e etnia, para se expressarem, competirem e celebrarem sua autenticidade em máxima potência.

Os treinos promovidos pelas casas acontecem na UFRN desde o primeiro semestre | Foto: Divulgação

Com isso, o dresscode da Mini Ball Xanana são as cores douradas, prateadas e preto. As categorias são runway, face, baby vogue, best dressed e vogue apt, cada uma com o prêmio em dinheiro de R$ 50,00 para o vencedor. A trilha sonora da noite estará a cargo de DJs importantes de Natal, como Janvita, Dandarona e Jennify C. A realização conta com apoio da Fundação José Augusto e do DCE do UFRN para sua realização.