Foto: Elis Lopes

Por Elis Lopes

“Eu não sou fotógrafa, é uma coisa que surgiu de dentro de mim e não sei como explicar”. É isso que Sheyla Moura nos responde quando questionada sobre de onde veio a ideia do projeto Fotografando Leituras Alheias, uma iniciativa de valorização e estímulo à leitura.

A ideia do projeto surgiu no cenário mais comum para maioria das pessoas: o ônibus. Em sua rotina, Sheyla conta que costuma pegar esse tipo de transporte para se deslocar, e uma coisa que sempre a deixava instigada e reflexiva era observar pessoas lendo livros enquanto esperavam a viagem passar.

Em um mundo digital, dominado pela tecnologia, que em muitos casos acaba banalizando as relações sociais e simplificando a realidade, ela conta que vê a leitura como “uma esperança no fim do túnel”. Foi por esse amor a leitura que começou a fotografar as pessoas que encontrava em seu trajeto diário. A princípio, as pessoas nem mesmo percebiam que estavam sendo fotografas, eram imagens espontâneas, um clique feito aqui e outro ali quando encontrava alguém submerso em alguma leitura.

O tempo se passava e sua disposição e entusiasmo pela fotografia de leitores anônimos apenas aumentava. A medida que fotografava, Sheyla apenas ia arquivando suas produções, sem imaginar que as exporia em algum momento. Os ambientes também se expandiram, deixando de ser apenas em ônibus e passando a ser qualquer ambiente ou situação em que houvesse algum leitor.

Depois de seis meses, ela teve a ideia que foi o pontapé inicial ao projeto. Acreditando que a leitura é capaz de estimular o sujeito a desenvolver um pensamento crítico, aprimorar sua visão de mundo e proporcionar liberdade individual, ela criou um perfil no Instagram onde começou a postar suas fotografias.

Intitulado Fotografando leituras Alheias, o projeto que explora a plataforma do Instagram para sua divulgação, já conta com mais de 200 publicações. Sheyla ainda nos diz que a partir da divulgação das fotos, ela vem percebendo maior proximidade com o leitor, além do sentimento de identificação por parte dos fotografados.

Sheyla é economista. A fotografia entrou na sua vida como uma espécie de força motivacional, pois ela acredita que é um dispositivo de transformação social. Atualmente o projeto está ativo apenas no Instagram. Porém, ela pretende levá-lo também a escolas públicas, a fim de efetivar cada vez mais o caráter social do projeto que ainda está dando seus primeiros passos.

Nesta 24ª Mostra de Ciência, Tecnologia e Cultura – Cientec – da UFRN, o projeto está com um banner exposto no estande da Agência Fotec, localizado ao lado da Secretaria geral do evento.